Top 10 - Livros Lidos em 2019

2019 foi um ano de grandes leituras pra mim, tanto em qualidade quanto em quantidade. Fiz muitas leituras incríveis, conheci novos autores e gêneros, viajei por vários mundos e épocas diferentes, e tive pouquíssimas decepções. Por isso se tornou um desafio escolher dez livros para fazer essa lista.


Comecei o ano devorando um dos maiores clássicos da literatura mundial: "Os Miseráveis" de Victor Hugo. Lembro que iniciei essa leitura logo no dia 01 de janeiro para aproveitar o tempo que me restava de férias e o livro me envolveu tanto que em somente oito dias eu consegui devorar suas mais de 1.500 páginas. Aqui vamos acompanhar a emocionante história de Jean Valjean, que acabou de sair da prisão após dezenove anos de reclusão como pena por ter roubado um pão para matar a fome de uma criança. Ao ser acolhido por um bispo, na calada da noite o ex-prisioneiro foge levando consigo alguns pertences da casa e acaba sendo capturado pelos guardas. Para a surpresa de Jean Valjean, o bispo diz aos guardas que havia simplesmente dado seus pertences furtados ao ex-prisioneiro, perdoando o mesmo. Agora que a alma de Jean Valjean foi perdoada ele deve retribuir o favor e plantar a bondade no mundo. Esse é aquele tipo de livro que ao fechar a última página a gente já se sente transformado, impossível acompanhar a história de Jean Valjean e não se sentir tocado e emocionado. Aprendi muito com esse livro e recomendo para todos.


Desde que descobri o quanto gosto de ficção-científica, Isaac Asimov despontou como um de meus autores favoritos do gênero. Depois de me deliciar com as leituras dos contos presentes em "Eu Robô" e acompanhar a incrível saga da trilogia "Fundação", resolvi embarcar em mais uma série do autor. "As Cavernas de Aço" é o primeiro volume da série que ficou conhecida como a "Série dos Robôs". Mesclando ficção-científica, literatura policial e elementos distópicos, o livro nos proporciona uma leitura fluída, divertida e ao mesmo tempo filosófica. Aqui vamos acompanhar o detetive Elijah Baley na investigação de um caso de assassinato que envolve muitas questões políticas. Para ajudar na investigação ele recebe um robô como parceiro. A partir de então o livro vai levantar muita discussão a respeito do que nos torna humanos e o que nos diferencia dos robôs. Leitura muito interessante e que gerou muitas reflexões.


Um título que eu não conhecia até assistir ao filme, assim que fiquei sabendo que existia o livro fui atrás e fiz a leitura. O filme é muito bem produzido, conta com grandes atuações e é bem fiel ao livro, não é por acaso que ganhou prêmios no Oscar de 2016. Apesar de não acrescentar muita coisa em relação ao filme, o livro tem seus méritos. Inspirados em fatos reais, aqui vamos acompanhar a história do caçador de peles Hugh Glass, que é atacado por um urso durante uma expedição de caça e fica a beira da morte. Abandonado pelos companheiros, para por em prática o seu plano de vingança o caçador terá que sobreviver a um clima inóspito em meio a privações, ameaças de animais perigosos e índios selvagens. Uma obra que vai explorar os efeitos que o desejo de vingança é capaz de despertar no psicológico humano.


Esse ano consegui ler um pouco mais de literatura nacional, apesar de ainda achar que preciso me dedicar mais aos nossos autores. A leitura de "Sete" do André Vianco serviu para me mostrar como temos coisas boas por aqui mas ás vezes acabamos deixando de conhecer por olhar demais para os autores internacionais. A história começa com a descoberta de uma caravela portuguesa naufragada no litoral do Brasil, após sua exploração uma misteriosa caixa é resgatada de seu interior. Dentro dela estão os horrores do Rio D'Ouro. Gostei bastante da escrita do autor e ainda mais da ideia de uma história de horror ambientada em nosso país. Por conta desses dois fatores o terror pareceu bem mais real e assustador enquanto eu virava as páginas.


"A Morte do Inimigo" dá pra dizer que foi a grande surpresa do ano pra mim. Um livro que nunca tinha ouvido falar e que encontrei numa feirinha de livros a dez ou quinze reais. O lobo na capa me chamou a atenção e eu comprei sem nem ler direito a sinopse, nem fazia ideia que dentro desse livro miúdo estaria uma das maiores histórias que eu viria a ficar conhecendo esse ano.
Após iniciar a escrita o livro, o autor Hans Keilson teve que parar e enterrar as páginas que já havia escrito para defender a Holanda da invasão da Alemanha Nazista. Ao fim do conflito o autor desenterrou as páginas para concluir "A Morte do Inimigo". Aqui vamos acompanhar a história de uma criança judia que cresce no período da Alemanha Nazista, vamos crescer juntos com ela acompanhando seu amadurecimento e os sentimentos que a existência de inimigo onipresente como Hitler é capaz de causar na sua psique. Uma obra sem igual que vai relatar os efeitos de um regime totalitário na natureza humana.


Esse ano fiz a minha primeira releitura. Não resisti a essa bela edição da editora Todavia para um dos meus livros favoritos da vida: "O Apanhador no Campo de Centeio" de J.D. Salinger. Um dos primeiros livros que li por conta própria e que traz o primeiro personagem com quem me identifiquei na literatura. Se o livro já era dos meus favoritos, acredito que tenha se tornado mais favorito ainda. Faz uns seis anos que fiz a primeira leitura dessa obra, dessa vez não me identifiquei tanto com o Holden quanto naquela época, mas fui capaz de compreende-lo ainda mais. A sensação ao reler sobre ele era a mesma de estar visitando um "eu do passado".Foi nostálgico em alguns momentos, em outros me entristeci, mas uma coisa é certa: o livro me tocou mais fundo nessa releitura.


A coleção Biblioteca Áurea, da editora Nova Fronteira, já vinha me chamando a atenção faz algum tempo, tanto pelos títulos clássicos lançados quanto pelas edições convidativas. Pensando em iniciar uma coleção resolvi apostar em "O Último dos Moicanos" e acertei em cheio na escolha. Gosto bastante de histórias que contenham índios, adoro ler sobre tribos, costumes e batalhas indígenas, e esse livro é repleto disso. Como se isso não bastasse, o livro também traz outra coisa que adoro: fatos históricos. A história retratada aqui se passa no período de colonização dos EUA e é muito bem ambientada em um cenário de batalhas entre ingleses, franceses e indígenas. Unindo esses dois elementos que eu adoro o resultado não poderia ser diferente, o livro se tornou um dos melhores do ano pra mim.


Uma das leituras mais profundas que fiz esse ano com certeza foi essa biografia do Lou Reed, escrita por Victor Bockris. Esse livro me proporcionou um mergulho tão profundo na carreira do artista que enquanto eu fazia a leitura a sensação era a de que eu estava dentro de um casulo, tentando absorvendo tudo que podia: as fases do cantor, as concepções por trás de cada um dos seus álbuns lançados, sua personalidade e sua filosofia de vida. Passei mais de um mês ouvindo suas músicas e pesquisando sobre os autores que ele lia, querendo conhecer mais desse artista tão incrível e que eu nunca tinha dado a devida atenção. Espero adquirir outras biografias que me proporcionem um mergulho tão profundo e gostoso quanto esse livro me permitiu.


Antes tarde do que nunca! Em 2019 finalmente consegui fazer minha primeira leitura do português José Saramago. Um autor do qual eu ouvira falar muito bem a respeito e sentia que já ia gostar dele mesmo antes de lê-lo, e não estava errado. "Ensaio Sobre a Cegueira" foi uma leitura instigante, ao ler o primeiro parágrafo do livro eu já fui fisgado pela história e precisava continuar para saber qual era a explicação para aquilo estava acontecendo. Aliás, esse livro pra mim possui um dos melhores
inícios que já li: um homem dentro de seu carro parado aguardando a abertura do sinal, de repente tudo branco, o homem perdeu a visão. Uma obra que faz a gente pensar e, a meu ver, tem algo de subjetiva. A conclusão que você vai tirar dessa leitura é cabível de várias interpretações e acredito que vai variar de leitor para leitor. Quando terminei pensei uma coisa, passado alguns dias pensei outra, e muito provavelmente terei alguma outra interpretação em uma futura releitura.


Leitura iniciada em 2017 e finalizada dois anos depois. Essa antologia de contos de H. P. Lovecraft de quase 1.200 páginas exige paciência e persistência, em troca ela proporciona ao leitor uma longa viagem no vasto mundo de horror cósmico criado pelo autor. Essa edição lançada pela Martin Claret reúne mais de quarenta contos, alguns deles bem volumosos, e não é um livro para ser devorado e sim degustado. No fim, valeu cada página lida. Alguns contos não são nada excepcionais outros são de explodir a cabeça daquele jeito que só o Lovecraft sabe. Por se tratar de uma antologia é natural que alguns contos se sobressaiam a outros, afinal e ideia aqui não é reunir contos por temática ou fazer uma coletânea dos melhores, mas sim fazer um apanhado mais completa cobrindo toda a carreira do autor. Um livro para servir de companheiro nas noites solitárias e nos dias de chuva, que deve ser puxado da prateleira como se pega um gato no colo e para ser lido sem pressa.

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