Top 5 - Quadrinhos Lidos em 2019

Dá pra dizer que 2019 foi um ano que me proporcionou uma espécie de mergulho no mundo dos quadrinhos. Eu, que tinha certo preconceito e via quadrinhos como algo abaixo dos livros, comecei a mudar minha opinião depois de ler Sandman no ano anterior. O que me abriu a cabeça e permitiu que em 2019 me aventurasse em diversas obras da nona arte.


Disposto a mergulhar e conhecer um pouco mais do mundo dos quadrinhos, resolvi apostar em alguns clássicos e não me arrependi. A primeira grande leitura que fiz foi "V de Vingança", clássico de Alan Moore e David Lloyd. Um dos meus gêneros literários favoritos sempre foi a distopia e quando vi que esse gênero também estava presente nos quadrinhos não pude deixar de conferir. Assim como "1984", "Admirável Mundo Novo" e " Fahrenheit 451, esse quadrinho me impactou e gerou uma leitura tão reflexiva quanto esses clássicos da literatura.


Seguindo nessa mesma linha, resolvi ler "O Relatório de Brodeck", adaptação de Manu Larcenet para o romance de Philippe Claudel, de mesmo nome. Além de Sandman, outro fator que me incentivou a começar a ler quadrinhos foi o trabalho da editora Pipoca & Nanquim, sempre bem feito e atrativo, lançando obras aclamadas com acabamento de luxo. Essa é outra HQ com elementos distópicos que vai retratar os efeitos que um governo totalitário e um período de guerra podem causar a psique humana. Diferente de outras obras distópicas, aqui vamos acompanhar esses efeitos em uma menor escala, porém não menos assustadora: a história se passa em um isolado vilarejo em um lugar remoto, o que nos possibilita uma relação mais próxima com os personagens e assim conseguimos acompanhar e perceber melhor o processo de desumanização de cada um deles, passo a passo. E o resultado é assustador.


Clássico máximo dos quadrinhos, "Maus" de Art Spiegelman, é uma obra biográfica de suma importância histórica. Aqui vamos acompanhar a trajetória de um judeu na época da Alemanha Nazista, e esse judeu não é ninguém menos que o próprio pai do autor do quadrinho. Devido a grande quantidade de material sobre o Holocausto que temos acesso disponível hoje, ás vezes acabamos deixando de ler algo pelo ingênuo (ou não) erro de achar que já lemos o suficiente sobre o assunto. Mas saber mais sobre esse período obscuro e perturbador da história mundial nunca é demais, justamente pela sua obscuridade esse é um período que nunca deve ser desprezado. Falar sobre o Holocausto, refletir e causar discussões sobre ele sempre é e sempre será importante. Não podemos deixar simplesmente que caia no esquecimento ou usar de escapismo para evitar o assunto. É fundamental entender o que, e como, aconteceu, para que não se repita. Confesso que lendo "Maus" em alguns momentos me senti perturbado devido a proximidade que algumas cenas e acontecimentos aqui relatados têm em comum com os dias de hoje aqui no país em que vivemos. Apesar de pesada, a leitura foi fundamental para que eu pudesse rever alguns conceitos e manter os olhos abertos para pequenas coisas que ás vezes não damos a devida atenção, mas que podem ser os primeiros sinais de alerta de um período obscuro que se aproxima.


Saindo um pouco da temática distópica e política, mas sem perder em qualidade e profundidade da obra, li "Solitário" do Chabouté. Um quadrinho tocante que parte de uma premissa extremamente simples e mergulha fundo no lado emocional e psicológico humano. Aqui vamos acompanhar a história de um misterioso homem que vive sozinho em um farol cercado somente pelo mar. Depois de ler "Um Pedaço de Madeira e Aço" e a adaptação do clássico "Moby Dick", pra mim o ápice da arte de Chabouté está presente nessa obra. Uma arte que acho que posso chamar de minimalista, que consegue transmitir emoções em quadros ás vezes sem textos, que consegue relatar o estado psicológico de seus personagens usando somente de expressões faciais ou linguagem corporal, que consegue relatar a passagem do tempo com maestria, enfim, uma arte única e que me deixa aguardando ansiosamente a publicação de novos trabalhos do autor por aqui.


Ao apagar das luzes, já no fim dezembro, resolvi embarcar na leitura dessa aclamada obra da nona arte: Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons. Não vou me alongar muito aqui pois recentemente fiz uma postagem completa a respeito dessa leitura (veja mais abaixo). Mas não posso deixar de dizer que, mesmo depois de ter lido "V de Vingança" do mesmo autor e de ter alguma ideia de que "Watchmen" era um marco histórico no mundo dos quadrinhos, ainda assim essa obra me surpreendeu bastante. Apesar de estar com uma grande expectativa para fazer essa leitura, não esperava um mergulho tão profundo no lado político e psicológico, apesar desses dois fatores serem algo recorrente na obra do Alan Moore. Aliás, ficou aquele gostinho de quero mais para 2020, preciso conhecer outras obras desse autor que vem se tornando um dos meus favoritos e não apareceu duas vezes nessa lista por acaso.

Comentários