RESENHA: A Sexta Extinção - Elizabeth Kolbert

      Ao longo da história a Terra passou por vários eventos que causaram a extinção de diversas espécies e em diferentes épocas. Sejam elas causadas por erupções vulcânicas, movimentações da crosta terrestre, impactos de asteroides, alterações atmosféricas ou climáticas, esses eventos ficaram conhecidos como "as cinco grandes extinções em massa". Além de relatar um pouco sobre cada um desses eventos, o livro nos deixa um alerta preocupante sobre uma grande sexta extinção que pode estar em curso e a causa dele somos nós mesmos, os humanos.
      Visitando diferentes lugares do mundo e expondo o resultado de pesquisas e teorias de especialistas das mais diversas áreas (biologia, geologia, paleontologia, etc), a autora e jornalista americana Elizabeth Kolbert expõe aqui diversos sinais de que a humanidade caminha a passos largos para causar um grande evento de extinção em massa que poderá não só extinguir diversas espécies de vida do globo, como também alterar o ambiente ao seu redor de tal modo que a própria espécie humana pode não sobreviver.


      Dividido em treze capítulos, cada um deles dedicado a uma espécie extinta ou em vias de extinção, o livro começa a contar sua história do ponto em que o naturalista francês George Cuvier concebeu pela primeira vez a possibilidade de que a Terra podia não ser como sempre a conhecemos e que seus organismos podiam desaparecer completamente de sua face. Charles Lyell, geólogo britânico, acredita nisso em parte. Concordava que terrenos e rochas podiam sofrer modificações mas espécies vivas não. Charles Darwin sim, acreditava.
      A Teoria da Evolução mostrava que uma espécie poderia se modificar a ponto de se extinguir da forma como era antes. Também era possível que ela fosse erradicada pela seleção natural. E essa seleção natural poderia incluir a ação do homem?

(Cratera de Chicxulub, no México. É associada a queda do asteroide que provocou a extinção dos dinossauros.)

      Depois das discussões sobre as causas das extinções surgiu um novo problema: ser extinto de forma gradativa era uma coisa que poderia ser explicada com a Teoria da Evolução, mas o que dizer ao encontrar vestígios de extinção em massa de diversas espécies em diferentes lugares e de forma abrupta? Considerou-se então a ideia de catástrofe que poderia causar extinção de tamanha magnitude e violência. Queda de asteroides, erupção de vulcões, terremotos e mudanças climáticas foram algumas das causas apontadas. Seríamos nós humanos capazes de causar um evento de tamanhas proporções?
      A resposta é sim e o livro traz vários exemplos disso. Algumas coisas nós já sabemos de forma mais superficial mas a leitura nos permite um vislumbre mais obscuro do que nossas ações podem causar na natureza. A poluição da atmosfera pode alterar a acidificação dos oceanos, o que gera inúmeros problemas. O desmatamento causa uma reação em cadeia capaz de desequilibrar todo um ecossistema. A introdução de espécies, tanto vegetais quanto animais, em um novo bioma pode fazer estragos irreparáveis alterando toda uma cadeia alimentar.

(Onça-pintada, uma das inúmeras espécies ameaçadas de extinção atualmente.)

      A verdade é que desde que saiu da África nossa espécie destruiu ou alterou a natureza por onde passou. Nossa dispersão pelo globo coincide de forma assustadora com a extinção de várias espécies em um continente no momento em que pisamos nele. É bem provável que tenhamos provocado também a extinção de nossos parentes Neandertais. Até quando vamos agir dessa forma? Até quando seremos uma espécie daninha? É hora de mudar. A destruição da natureza pelas nossas mãos segue desenfreada, mas por outro lado muito projetos visando a proteção e preservação de espécies têm surgido nas últimas décadas. Na internet tem se falado muito disso e pelo menos uma parte da população mundial começa a se conscientizar. Isso já é um começo para tentarmos parar ou pelo menos minimizar o evento da sexta extinção.

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