RESENHA: Green Day - Father of All... (2020)

      Como já citei aqui em algumas postagens anteriores, Green Day foi a banda que me levou a gostar de rock e a colecionar cd's. Desde então já são mais de quinze anos acompanhando a banda que permanece como uma das minhas favoritas, mesmo eu gostando também de outros estilos completamente diferentes, como por exemplo: blues e heavy metal. Nunca me apeguei a ideia de que uma banda deve se manter fiel a um único estilo, vejo isso como uma limitação que é imposta ao artista e não acho legal. Com o Green Day não é diferente, apesar das inúmeras críticas devemos levar em conta que a banda nunca lançou um álbum igual ao anterior desde o Insomniac (1995), que na época foi uma completa antítese do Dookie (1994). Nimrod e Warning trouxeram muita experimentação, American Idiot deu uma nova roupagem a banda e nos álbuns posteriores eles seguiram novos caminhos embora de forma mais sutil. "Father of All..." já apresenta uma mudança um pouco mais ácida.


      Existe a teoria da conspiração de que, como esse seria por contrato o último álbum da banda a ser lançado pelo grupo Warner, o Green Day tenha optado por lançar um trabalho propositalmente sem inspiração e mal produzido como um grande foda-se de despedida para a gravadora. Se isso procede ou não, provavelmente nunca saberemos. Mas uma coisa é certa, "Father of All..." soa no mínimo estranho. Eu havia gostado do álbum anterior, Revolution Radio (2016), mas confesso que em nenhum momento, desde o lançamento dos singles, eu me senti empolgado com o lançamento do novo álbum. O excesso de efeitos nos vocais e o som de bateria que parece eletrônica, elementos que já vinham me incomodando um pouco nos últimos álbuns, têm presença ainda mais forte aqui. A banda se arrisca em muitos gêneros diferentes, desde o garage rock até o power pop, mas acerta em poucos. Proposital ou não, a produção não agrada. "Father of All..." tem muitos problemas mas também possui seus pontos positivos.


      Com apenas 26 minutos de duração o álbum é curto e de fácil audição. Apesar de soar estranho aos ouvidos nas primeiras vezes, logo que assimilamos o som o álbum cresce e conseguimos aproveitar e perceber melhor as suas qualidades. Como já é característico do Green Day, as músicas são simples e ficam na cabeça. "Oh Yeah!", apesar de um refrão bobo, gruda que nem chiclete. "I Was a Teenage Teenager" funciona muito bem apesar do título idiota. "Stab You in the Heart" traz um rock and roll clássico dos anos 60, ao estilo "Boys" dos Beatles. "Graffitia" talvez seja a música que mais se pareça com o caminho que a banda vinha trilhando no álbum anterior. Os pontos mais baixos ficam por conta e "Meet Me on the Roof" e "Junkies on a High". Nos piores momentos do álbum a banda soa como um grupo indie moderno e no automático.


      Com seus altos e baixos, "Father of All..." é um álbum que chega para agregar muito pouco ou quase nada para a rica discografia do Green Day. Acredito que, assim como aconteceu com a trilogia, daqui a um ou dois anos será facilmente esquecido pelos fãs e renegado pela própria banda. Muito dificilmente vamos ver suas músicas figurarem no setlist dos shows depois dessa turnê. Agora o momento é de aproveitar os 26 minutos de diversão que o álbum propõe ao ouvinte e desfrutar das performances ao vivo da banda. Não tenho dúvida de que as novas músicas funcionarão muito melhor no palco, onde o Green Day sempre foi infinitamente superior ao que é no estúdio. Apesar do álbum ser um dos mais fracos de sua carreira, fico com uma boa expectativa para os caminhos que a banda irá seguir daqui em diante caso tenha mesmo se encerrado o contrato com a gravadora.

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