RESENHA: Macunaíma - Mário de Andrade

      Publicado pela primeira vez em 1928, o romance Macunaíma se tornou um clássico absoluto do modernismo brasileiro. Inspirado pela leitura de Vom Roraima zum Orinoco, do antropólogo alemão Theodor Koch-Grunberg, o poeta paulista Mário de Andrade usou de diferentes elementos como cultura, história, fantasia e crítica social, para contar a história do índio Macunaíma em sua busca pelo amuleto muiraquitã Brasil afora.


      Logo nas primeiras páginas o que mais chama a atenção é a narrativa. Mesclando diferentes elementos, Mário de Andrade adota aqui uma narrativa muito própria e característica que vai permear por todo o livro e que pode soar estranha ou até difícil ao primeiro contato. Mas com o passar das páginas a gente vai se acostumando e aos poucos acabamos sendo cativado pela escrita do autor.
      Outro ponto que se destaca é a riqueza folclórica que o livro traz de pano de fundo. E não estou falando só do folclore nacional, mas também africano e europeu. A leitura nos permite um vislumbre de diversos mitos de diferentes culturas, tudo de uma forma muito leve e descontraída.
      Por fim, temos o lado da crítica social. Apesar de nunca confirmado pelo autor, o personagem Macunaíma é considerado por muito críticos como uma síntese do povo brasileiro: mentiroso, safado, preguiçoso e boca suja. Durante a leitura é fácil encontrar passagens que favorecem essa associação. A crítica social está presente no livro, mas se ela foi pensada dessa maneira ou não, vai da interpretação de cada leitor.


      A leitura de Macunaíma não foi fácil, principalmente por conta da narrativa, mas com certeza foi muito recompensadora. Além de conhecer um grande clássico da literatura nacional também conheci um pouco mais do nosso folclore e da cultura indígena. Cada vez mais me interesso pela literatura nacional e seus clássicos, essa fase de aproximação tem sido maravilhosa. Sei que ainda tenho um longo caminho a percorrer se quiser tirar o atraso mas a seu tempo cada livro será lido e degustado como merece.

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