RESENHA: Pedra no Céu - Isaac Asimov

      Publicado pela primeira vez em 1950, "Pedra no Céu" é o primeiro romance do renomado escritor de ficção-científica Isaac Asimov. A obra foi escrita em meio as sombras do bombardeio de Hiroshima e as incertezas da radioatividade, portanto esse será um assunto recorrente durante a leitura. O livro também faz prequela a trilogia da Fundação, obra-prima do Bom Doutor.


      Joseph Schwartz era uma pessoa comum que levava uma vida estável morando em Chicago, até que um dia durante uma simples caminhada, por causa de um acidente em um laboratório nuclear nos arredores, ele se vê sumariamente transportado para milhares de anos para o futuro. Nesse futuro a Terra se tornou altamente radioativa devido a intensa atividade nuclear exercida pela humanidade ao longo dos anos. A raça humana se espalhou pelo espaço e colonizou diversos planetas, formando assim o Império Galáctico (sim, aquele mesmo da Fundação). E agora esse Império nega que o berço da humanidade possa ter sido o tão desolado e atual planeta Terra, o que vai gerar muita intriga. E esse é só o cenário em que a história vai se passar.
      Como se tudo isso já não fosse intrigante o suficiente, ao se instalar nessa "nova" Terra, nosso viajante se vê logo nas mãos de um famoso físico que quer usá-lo como cobaia em um experimento científico. Schwartz acaba sendo envolvido em um complexo e perigoso conflito político entre o Império e a Terra.


      Com uma escrita rápida e dinâmica, "Pedra no Céu" é um romance fácil de ser devorado. Apesar de ser o primeiro romance publicado do autor, sua escrita já estava bem desenvolvida na época, muito por conta dos inúmeros contos que já haviam sido escritos. Logo nas primeiras páginas o leitor é completamente envolvido na história e a rede de tramas tecida pelo Bom Doutor vai se mostrando cada vez mais intrigante a cada capítulo.
      O cenário da Terra fervendo em radioatividade nos faz refletir e é um tema que infelizmente permanece atual. 36 anos após a publicação do livro, Chernobil nos dos deu um obscuro vislumbre do que pode acontecer. Será que não aprendemos nada?
      Outro ponto retratado aqui é a perversidade humana e a ganância pelo poder. Mesmo tendo passado milhares de anos, os humanos que vivem na Terra ainda fazem experimentos científicos sem
pensar muito nas consequências, ainda usam de jogos políticos para exercer seu poder e o preconceito está enraizado ainda mais forte na sociedade. A forma como as colônias imperiais enxergam e destratam a Terra é motivo para os terráqueos tratá-los da mesma forma? Devemos combater preconceito com preconceito? Fogo com fogo?


      "Pedra no Céu" levanta muitas questões e apesar de não atingir o mesmo nível de complexibilidade e genialidade de "Fundação", é um livro muito mais real e humano. Quando Asimov escreveu esse romance certamente ele se perguntava e imaginava como seria o futuro. Hoje, 70 anos depois, podemos ser mais otimistas quando pensamos no nosso futuro? Tenho a sensação de que, se ainda estivesse vivo, Asimov escreveria livros mais obscuros.

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