RESENHA: Tormenta de Fogo - Brandon Sanderson

      ATENÇÃO: esse livro é o segundo volume da série "Os Executores", caso não tenha lido o volume um: "Coração de Aço", essa resenha contém alguns spoilers em relação a ele.

      Para recapitular, segue um breve resumo do universo no qual a série se passa: no mundo distópico apresentado aqui um ponto de luz misterioso surgiu no céu e de alguma forma até então desconhecida esse ponto conhecido como Calamidade está relacionado ao surgimento dos Épicos: pessoas até então comuns que foram agraciadas com superpoderes. Mas ao contrário do que se esperava, essas pessoas não se tornaram super-heróis e sim super-vilões. Os Épicos subjugaram e escravizaram a raça humana, dominando cidades, causando destruição gratuita e aniquilando vidas a seu bel-prazer.
      No primeiro volume vimos o protagonista David se unir aos Executores, lendário grupo de rebeldes especializados em exterminar Épicos, para derrotar o vilão Coração de Aço e assim vingar a morte de seu pai. Agora, livre das garras do super-vilão, a cidade de Nova Chicago passou a viver dias melhores sob a proteção dos Executores que se instalaram ali e passaram a defendê-la da invasão de outros Épicos.


      A trama do segundo volume começa a se desenhar quando os Executores percebem um padrão nos Épicos que têm tentado atacar a cidade. Uma ligação com a Épica Realeza é descoberta e o grupo parte para a cidade alagada de Babilar, onde se juntam a uma nova divisão dos Executores para tentar descobrir qual é o objetivo da vilã. A ambientação mais uma vez se destaca: ao chegar em Babilar os Executores se deparam com uma cidade parcialmente submersa em uma espécie de redoma de água criada por Realeza, na qual somente os prédios mais altos despontam e seus habitantes vivem em barracas nos telhados, que por sua vez são conectados por pontes improvisadas. Ainda mais intrigante, o interior abandonado e alagado dos prédios é dominado por uma vegetação espessa capaz de dar frutos fosforescentes. Enquanto tentam desvendar os mistérios que cercam Babilar, os Executores terão que lidar com outros Épicos que estão sob o comando de Realeza.
      Apesar de apresentar uma trama muito instigante, o livro acaba se perdendo em uma narrativa que insiste em tentar ser engraçada o tempo todo. Se você leu a resenha que fiz para "Coração de Aço", vai entender o que me incomodou lá. E tudo que não funcionou pra mim no primeiro volume foi amplificado em "Tormenta de Fogo". David é um homem na faixa dos vintes anos que age como se tivesse doze. E como o livro é narrado em primeira pessoa, no caso o narrador é ele, fica muito difícil ignorar isso. Durante toda a leitura somos bombardeados com piadinhas e metáforas bobas. O clima de romance que o autor tenta encaixar também não cola e se torna enjoativo sempre que surge. Fica clara a intenção do autor de mesclar elementos de YA com ficção-científica e distopia, mas o resultado não me agradou. A premissa continua sendo bem mais interessante que o desenrolar da história em si. Ao ler "Coração de Aço" eu também fiquei com essa impressão, mas a trama pelo menos se salvou no primeiro volume. Aqui pouca coisa acontece, o enredo quase não tem ação e serve apenas para revelar um pouco mais sobre como funciona os poderes e as fraquezas de um Épico. A sensação de avanço da história em relação ao primeiro livro é muito tímida e "Tormenta de Fogo" se limita a deixar um bom gancho para o terceiro volume, apenas.    

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