RESENHA: Black Hammer Vol. 3 - Jeff Lemire

      Eles foram os heróis de Spiral City: Black Hammer, o campeão das ruas; Abraham Slam, o destruidor do crime; Menina de Ouro, a heroína queridinha da América; Barbalien, o guerreiro de marte; Madame Libélula, a dama do macabro; Coronel Weird, o explorador interestelar; e sua parceira robô, Talky-Walky. Há dez anos eles se uniram para enfrentar o terrível vilão Antideus e salvar o mundo, mas os dias de luta e glória ficaram para trás. Após derrotarem o Antideus, nossos heróis se viram misteriosamente transportados para uma fazenda nos arredores de Rockwood, em um mundo desconhecido. Ao tentar deixar o local, Black Hammer sofre uma morte horrenda e o grupo descobre que simplesmente não pode ultrapassar os limites da cidade. Enquanto tentam manter a falsa imagem de uma família e levar uma vida normal, os ex-super-heróis seguem em busca de respostas. Dez anos se passaram e o mistério ainda não foi desvendado: "onde estamos? e como sair desse lugar?" Aos poucos eles vão se acomodando com a vida na fazenda, alguns mais e outros menos, e já quase não há esperança. É quando Lucy, a filha de Black Hammer, segue uma pista e consegue ir atrás do grupo. Porém, assim que chega a fazenda Lucy perde parte da memória, esquecendo tudo que havia descoberto sobre o local e como sair de lá. Tão perto de encontrar uma saída, nossos heróis voltam a estaca zero.


      Esse foi basicamente um resumo dos dois primeiros volumes da série criada pelo canadense Jeff Lemire e desenhada por Dean Ormston. Black Hammer é uma homenagem aos quadrinhos clássicos de super-heróis mas não se limita a isso, traz também muitas referências a cultura pop e levanta algumas discussões atuais. Em 2017, foi vencedora do prêmio de melhor série original pelo Eisner Awards e se tornou uma das séries de quadrinhos mais populares e queridinhas da atualidade. Esse, que é o terceiro volume da série, conta com cinco fascículos e traz uma grande revelação para a história, o que me impede de aprofundar demais sobre.


      Após recuperar sua memória, Lucy se vê teletransportada para outro lugar. A Antessala, o inferno e Storyland são alguns dos mundos que ela visita, percorrendo uma espécie de limbo espaço temporal. É como se alguma força desconhecida a impedisse de ajudar o grupo. Enquanto procuram pistas do paradeiro de Lucy, nossos heróis seguem tentando lidar com problemas do seu cotidiano. Os dias de super-herói ficaram pra trás e agora Abraham Slam é apenas Abe, um senhor que tenta manter o grupo unido e sob controle, zela pelo disfarce que assumiram e tenta tirar o melhor possível da situação. Ele começa a desenvolver um relacionamento com uma mulher recém divorciada e juntos eles têm que lidar com um ex-marido que é policial, ciumento e possessivo. A Menina de Ouro, que assumia uma forma infantil na hora das batalhas, agora é só Gail e uma mulher de meia idade presa em um corpo de criança. É a que menos aceita a situação e também a mais frustrada, tem um temperamento difícil. Barbalien assumiu uma forma humana e tem muita dificuldade em aceitar quem é, ele começa a se relacionar com um padre que também tem dificuldade em aceitar sua homossexualidade. A Madame Libélula é a mais misteriosa de todos do grupo, vive isolada em sua cabana, fala pouco e quase não interage com os outros, sempre parece estar escondendo algo. O Coronel Weird passou por um trauma e desde então sua mente ficou bagunçada, vive em uma espécie de transe e está sempre viajando pelo espaço e pelo tempo. Sua companheira, a robô Walky-Talky, está danificada e parou de funcionar completamente aqui, pelo menos por enquanto.


      As revelações que acontecem no fim desse volume respondem muitas perguntas que permeavam nossa cabeça e a dos nossos heróis até então, mas também levanta uma outra questão que provavelmente será respondida no quarto volume, visto que esse será o último desse arco. Confesso que não sei o que esperar desse desfecho, esse terceiro volume representou um grande plot twist na série e fica difícil imaginar o que vai acontecer daqui pra frente. Apesar de já ter visto alguns comentários negativos sobre a conclusão, estou bem curioso para ler o quarto e último volume de Black Hammer.

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