RESENHA: Tudo é Eventual - Stephen King

Livro lido em leitura coletiva organizada pelos igs: @blogdiscolivro e @leitormaldito

      Publicado em 2002, "Tudo é Eventual" é uma coletânea que reúne quatorze contos escritos por Stephen King no período de 1994 a 2001. Como é de praxe dessas compilações do autor, temos aqui histórias com temáticas bem variadas que vão desde o terror clássico ao thriller, passando pelo drama e pela fantasia. Além de várias homenagens e referências a autores clássicos do horror, o livro também é, de certa forma, uma homenagem a própria carreira do King. Alusões a várias de suas obras clássicas podem ser pescadas facilmente aqui e ali durante a leitura. Abaixo deixo breves comentários sobre cada um dos contos que compõem o livro.


      "Sala de autópsia 4", conto que abre o livro, trata a ideia clássica do enterro prematuro. Clichê do qual o autor foge usando de seu humor característico. "O homem de terno preto" é um conto clássico de lenda urbana / creepypasta. Em "Tudo o que você ama lhe será arrebatado", King deixa o horror de lado e mostra o quanto a rotina imposta pela vida real também pode ser nociva.
      Após três contos mornos, o livro da uma guinada e consegue entregar uma sequência de boas histórias que começa com "A Morte de Jack Hamilton". Nesse conto, repleto de humor e muito bem ambientado, vamos conhecer uma gangue de ladrões composta por personagens reais que assombraram os EUA nos anos 30, época da Grande Depressão. Na sequência, temos "Na câmara da morte". Um thriller com referências ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar, e que proporciona uma das leituras mais intensas dessa coletânea.
      O nível é alto, mas continuamos subindo e chegamos ao ápice do livro, pra mim, em "As irmãzinhas de Eluria". Esse conto é um spin-off da série "A Torre Negra". Aqui vamos acompanhar a visita de Roland a misteriosa cidadezinha de Eluria e, numa mescla de fantasia e horror, somos tragados para o universo da Torre. Em seguida temos o conto que da título do livro. "Tudo é eventual" também faz alusões a Torre mas não chega a ser um spin-off. Drama? Mistério? Ficção científica? Acho que esse é um daqueles contos inclassificáveis e um dos mais intrigantes do livro.
      "A teoria de L.T. sobre animais de estimação" é mais um daqueles contos que traz o humor clássico do King, mas que vai se tornando obscuro conforme avançamos na leitura. "O vírus da estrada vai para o norte", assim como o primeiro conto, trata de um clichê do terror. Mas claro, com aquele toque especial que só o King nos proporciona. Subindo na escala de carnificina, chegamos ao "Almoço no Café Gotham", uma história trash que vai agradar os leitores mais carniceiros.
      "Você só pode dizer o nome daquela sensação em francês" funciona como um contraponto. Depois de contos mais intensos, esse nos leva em direção a contos menos substanciais e mais sensoriais. "1.408" segue nessa mesma pegada usando de mais um clichê do horror, nesse caso o quarto mal-assombrado de um hotel. "Andando na bala" é o queridinho de muitos leitores e logo entendemos o porquê. O conto é uma homenagem a própria carreira do autor e traz inúmeras referências a outras obras clássicas do mestre, tudo de uma forma muito bem orquestrada e nada jogado ao acaso. Por fim, temos "A moeda da sorte", uma história tão curta e ofuscada pelas outras que acaba passando batida. Acho que o livro merecia um conto mais digno de encerramento.


      Além da diversidade de gêneros, o que vai agradar a diferentes tipos de leitores, "Tudo é Eventual" tem como principal característica os finais abertos. Os contos, em sua maioria, são cabíveis de diferentes interpretações e teorias, o que acabou contribuindo para movimentar o nosso grupo de discussões. Inclusive, gostaria de deixar aqui meu sincero agradecimento aos igs e amigos que participaram desse grupo. A participação de vocês foi essencial para engrandecer a leitura!

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