RESENHA: Calamidade - Brandon Sanderson

       Quem me acompanha por aqui sabe que tive alguns problemas com os volumes anteriores da série "Executores" (caso você não tenha lido as resenhas de "Coração de Aço" e "Tormenta de Fogo", sugiro que dê uma conferida). "Calamidade", apesar de trazer algumas revelações, pouco mudou minha opinião. O que era bom continuou funcionando e o que era ruim continuou incomodando.

      Para recapitular, segue um breve resumo do universo no qual a série se passa: no mundo distópico apresentado aqui um ponto de luz misterioso surgiu no céu e de alguma forma, até então desconhecida, esse ponto, chamado por todos de Calamidade, está relacionado ao surgimento dos Épicos: pessoas comuns que foram agraciadas com superpoderes. Mas ao contrário do que se esperava, essas pessoas não se tornaram super-heróis e sim super-vilões. Os Épicos subjugaram e escravizaram a raça humana, dominando cidades, causando destruição gratuita e aniquilando vidas a seu bel-prazer. No primeiro volume vimos o protagonista David se unir aos Executores, lendário grupo de rebeldes especializados em exterminar Épicos, para derrotar o vilão Coração de Aço e assim vingar a morte de seu pai. Depois, no segundo volume, acompanhamos a batalha que os Executores travaram contra a épica Realeza na cidade alagada de Babilar, onde Prof. sucumbiu a escuridão e deixou o grupo dos Executores muito próximo de seu fim. Agora, no terceiro e derradeiro volume da série, nosso destino é Ildithia, a cidade de sal.


      Depois de anos de batalha, os humanos mal conseguiram fazer frente aos poderes dos Épicos. Estamos perdendo a guerra e confrontar Épicos se mostra uma estratégia cada vez mais perigosa e ineficaz. Recuperá-los talvez seja a solução. Mas para isso os Executores precisam entender melhor como funcionam as fraquezas e os medos dos Épicos. Prof. já foi um Épico bom e pode ser a chave para resolver o problema. É com esse objetivo que David, Megan e companhia partem para a cidade de sal. Como último volume da série, esse é um livro que traz à tona muitas revelações. O passado de Prof., os poderes de Megan, a funcionalidade dos motivadores, a origem da escuridão que assombra os Épicos e os planos de Calamidade para a raça humana, essas são algumas das questões que serão respondidas ao longo da leitura. Se tem uma coisa que não falta nesse livro, é ação. Batalhas envolvendo novos Épicos e a já conhecida engenhosidade dos Executores injetam uma boa carga de adrenalina na narrativa.


      Mas com tantos pontos positivos, por que digo que "Calamidade" não mudou minha opinião em relação a série? Porque tudo que eu não gostei nos dois primeiros volumes se faz presente aqui: a pegada YA, um protagonista adulto que age como se tivesse 12 anos, as metáforas sem fim como tentativa de soar engraçado o tempo todo, um romance que não cola... Também achei que o desfecho poderia ter sido melhor trabalhado, o final foi abrupto e carente de uma grande batalha. Minha consideração final em relação a série é que Brandon Sanderson criou um universo rico e imersivo com um sistema de poderes muito inteligente, mas quase jogou tudo por água abaixo ao optar por uma abordagem mais cômica e adolescente. Com todos os elementos de uma ficção-científica distópica, a série tinha tudo para caminhar para um lado mais sombrio e reflexivo, uma pena que tenha sido direcionada para outro tom. Talvez eu tenha começado com o pé esquerdo com o Sanderson, mas pretendo dar uma outra chance ao autor uma vez que nem tudo foi decepção. Ele demonstrou muita criatividade e conseguiu, apesar de todos os problemas, me manter preso até o fim da série.

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