RESENHA: O Tradutor Cleptomaníaco e Outras Histórias de Kornél Esti - Dezső Kosztolányi

      Dezső Kosztolányi foi um escritor, tradutor e jornalista nascido no Império Austro-Húngaro, em 1885. Iniciou sua carreira literária publicando poemas e contos curtos, gênero no qual ficou conhecido como um dos mestres. Foi um dos primeiros colaboradores da Nyugat, revista cultural que desempenhou papel fundamental no movimento da literatura moderna húngara. Compôs romances como ""Nero, o poeta sanguinário" (1922), "Cotovia" (1924), "A Pipa de Ouro" (1925) e "Ana, a doce" (1926). Traduziu para o húngaro obras de autores renomados como Shakespeare, Baudelaire e Lewis Carroll. Já próximo ao fim de sua vida, criou o carismático e cômico personagem Kornél Esti, que teve treze de suas histórias reunidas nessa coletânea lançada pela Editora 34.

      Confesso que esse foi um daqueles raros casos em que eu adquiri um livro sem saber exatamente do que se trata. Movido pela curiosidade que o título desperta e também pelo interesse de ter o meu primeiro contato com a literatura húngara, resolvi arriscar e fui positivamente surpreendido. Repleto de humor, o livro apresenta treze contos curtos que colocam seus personagens nas situações mais absurdas. Temos aqui o caso de um tradutor que literalmente rouba quantias em dinheiro, joias e os mais variados objetos descritos em uma obra original ao efetuar a tradução para outra língua; um poeta que tenta a todo custo se livrar de uma generosa herança recebida e não consegue; o mais hilário de todos, o caso de um presidente que é afetado por um curioso transtorno do sono; e muitas outras histórias inusitadas que giram em torno do protagonista Kornél Esti. Logo, fica claro o porquê do autor ser considerado um mestre na  arte da prosa curta. Em alguns contos, Kosztolányi não precisa de mais que quatro páginas para cativar o leitor. Leitura rápida, leve e engraçada, o que faz de "O Tradutor Cleptomaníaco" a companhia ideal para a hora do cafezinho.

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