RESENHA: Leviatã Desperta - James S. A. Corey

      Em um futuro não muito distante, a humanidade iniciou a colonização do espaço e se dividiu em três grupos com interesses conflitantes: coalisão Terra-Lua, Marte e o Cinturão de asteroides. A tensão política entre os grupos se vê ainda mais acirrada quando a Canterbury, uma nave rebocadora de gelo que fazia o transporte de um gigantesco iceberg para um planeta sem água, recebe um estranho pedido de socorro que acaba se revelando um ardil. O capitão Jim Holden consegue escapar com parte de sua tripulação, mas é tarde demais. O estopim foi aceso, os desdobramentos jogam um grupo contra o outro e uma espécie de guerra fria entre as três civilizações começa a se desenhar. Paralelo a isso, em Ceres, o detetive Joe Miller recebe a missão de investigar o misterioso desaparecimento de uma garota chama Julie Mao. Conforme as investigações avançam, o caso de Julie se mostra cada vez mais intrigante e conexões com a guerra em curso começam a surgir. Jogos políticos, máfias espaciais e vida alienígena são alguns dos elementos que compõem essa space opera.

      "Leviatã Desperta" bebe muito da fonte de clássicos da ficção-científica como "Fundação", "Blade Runner" e "Alien, o 8º Passageiro". Infelizmente, a obra também traz consigo todos os clichês que o gênero permite: a tensão sexual entre os tripulantes de uma nave espacial e os problemas psicológicos de um policial que retém seus sentimentos. A narrativa se alterna entre dois centros: o policial, quando acompanhamos o detetive Miller em suas investigações, e o sci-fi soft, quando estamos à bordo de uma nave espacial junto de Holden e sua tripulação. Já havia experimentado essa mistura de gêneros antes quando li a série "Robôs" de Isaac Asimov, lembro de ter gostado bastante e também acho que funcionou muito bem aqui. O lado policial funciona melhor é o que carrega o livro, fazendo com que suas quase 700 páginas passem num piscar de olhos. Por fim, "Leviatã Desperta" trata de temas como cobiça, preconceito e do incrível dom que a humanidade tem de estragar tudo o que toca com o seu dedo podre.

 

      Essa foi uma leitura que fiz de forma muito despretensiosa, não tinha nenhuma expectativa sobre o livro e, no final, isso acabou sendo bom. Foi uma leitura prazerosa e um bom passatempo. "Leviatã Desperta" não é nenhuma obra prima, tem seus deslizes, mas vai agradar quem é fã do gênero. O nome James S. A. Corey na verdade é o pseudônimo de dois escritores colaboradores: Daniel Abraham e Ty Franck. E a obra é o primeiro volume da série "The Expanse", que infelizmente só teve esse volume trazido ao Brasil pela editora Aleph. Uma pena, pois "Leviatã Desperta" deixou muitas pontas soltas e um enorme campo de possibilidades a ser explorado. Fiquei curioso para saber os rumos que os autores deram a obra. A aclamada adaptação da série está disponível no Prime Video e parece que já se encaminha para a sexta temporada. Fica como alternativa enquanto não temos os outros livros traduzidos por aqui.

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