RESENHA: A Carta Roubada - Edgar Allan Poe

(Arte de Frédéric Théodore Lix)

      Publicado pela primeira vez em 1844, "A Carta Roubada" é o terceiro e último caso do detetive C. Auguste Dupin, precursor de Sherlock Holmes, fechando assim a trilogia que inaugurou o romance policial ao lado de "Os Assassinatos na Rua Morgue" e "O Mistério de Marie Rogêt". Aqui nós vamos acompanhar um caso de roubo. Uma carta foi roubada dos aposentos reais e, apesar de saber quem é o ladrão, a polícia parisiense se vê incapaz de encontrar o objeto de furto. Por envolver a alta sociedade, o caso deve correr em segredo. É então que o comissário de polícia G., sem ter mais a quem recorrer, resolve fazer uma visita ao detetive Dupin.

      Diferente de "Os Assassinatos na Rua Morgue", aqui a ação das investigações se passa toda em segundo plano e a narrativa fica a cargo das conjecturas de Dupin. O detetive passa praticamente todo o conto sentado em sua poltrona, aquecido e fumando um bom charuto, enquanto pondera sobre o caso. Confesso que esse tipo de narrativa não me agrada muito, Dupin dá muitas voltas e a leitura acaba se tornando cansativa em alguns pontos. Acabei não sendo atingindo por aquele "fluxo de consciência" ao qual Dupin me levou no caso da "Rua Morgue" e senti que faltou um pouco de ação. Mas claro que isso não tira o brilho do conto, que faz parte da gênese do romance policial e nos permite conhecer um pouquinho mais de um dos personagens mais influentes da literatura.

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