RESENHA: Morella - Edgar Allan Poe

(Imagem retirada da edição da Tordesilhas)

      Publicado pela primeira vez em 1835, nesse conto Edgar Allan Poe nos apresenta a enigmática Morella. Mulher erudita, iniciada nas artes do ocultismo e cercada por uma aura de mistério. Morella e o marido vivem um casamento frio e infeliz, no qual a única conexão entre os dois se dá através dos estudos do ocultismo em que ela o inicia. Livros antigos, proibidos e de linguagem desconhecida passam a fazer parte da rotina do casal. E o casamento, que já não era bom, passa a ficar cada vez mais estranho. Em seu leito de morte, Morella roga uma espécie de maldição que faz com que uma verdadeira sombra desça sobre a vida do viúvo.

      "Morella" não choca tanto quanto "Berenice", mas traz muitos elementos interessantes. Com o pé um pouco mais no sobrenatural do que no psicológico humano, aqui Poe usa do elemento do "narrador não confiável" para instigar a imaginação do leitor e deixa um vasto campo para interpretação. Os elementos de ocultismo e de filosofia dão um toque todo especial a obra, recurso que o autor voltaria a usar em publicações posteriores e que também seria ricamente explorado por outros escritores renomados como H. P. Lovecraft. "Morella" pode ficar um pouco ofuscada quando colocada ao lado de outras obras mais famosas de Poe, mas não deixa de ser um bom conto com toda a carga poética e macabra que é intrínseca ao autor.

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