RESENHA: O Baile da Morte Vermelha - Edgar Allan Poe

(Ilustração de Harry Clarke)

      Nesse conto curto e impactante, publicado pela primeira vez em 1842, Poe retrata um país devastado pela "morte vermelha", doença fictícia que pode ser vista como uma alusão a tuberculose, a cólera, a escarlatina ou a peste negra, males que assombraram a Europa ao longo da história. Em meio a devastadora epidemia, o príncipe Próspero decide reunir em uma de suas abadias encasteladas mil amigos da mais alta sociedade. Dispondo de todos os tipos de regalias, que vão desde as melhores comidas e bebidas até músicos e bailarinos à disposição, os convidados ficam meses ali confinados enquanto a doença se alastra do lado de fora e o resto do país morre. Bem no auge da epidemia, como escárnio, o príncipe decide dar um luxuoso baile de máscaras. Ele só não contava com a presença de um personagem ilustre que surgiria de penetra.

      "O Baile da Morte Vermelha" já é impactante por si só e ganha ainda mais força quando lido nos dias de hoje, em meio a uma verdadeira pandemia. Quantos "Prósperos" vemos por aí hoje, não é mesmo? Negacionistas, antivacinas, gente que parece estar vivendo em um mundo paralelo. E políticos genocidas e irresponsáveis que incentivam a desinformação e desafiam o contágio. E quanto as festinhas e as aglomerações? Verdadeiros "bailes da morte". Muito mais que uma história de terror, "O Baile da Morte Vermelha" é um conto que insiste em permanecer atual e que continua desmascarando a face da sociedade.

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