RESENHA: O Poço e o Pêndulo - Edgar Allan Poe


(Ilustração de Harry Clarke)

      Nesse conto, publicado pela primeira vez em 1842, vamos acompanhar as agonias de um homem que foi julgado e condenado pela inquisição. Enclausurado em uma câmara de tortura, o condenado enfrenta horrores, tanto físicos quanto psicológicos, que na narrativa de Poe ganham toda uma carga extra de verossimilhança e dramaticidade. A obra é contextualizada dentro do período da Inquisição Espanhola (1478 - 1823).

      Desconforto e aflição são os termos que melhor definem essa leitura. Aqui o terror psicológico, uma das marcas registradas de Poe, encontra-se em sua forma mais bruta e primitiva. Na câmara de tortura, nos sentimos na pele do condenado e dividimos com ele os momentos de tensão e sofrimento. A escuridão, os ratos, o poço e o pêndulo, tudo é muito palpável. O virar das páginas se torna intenso e Poe vai, aos poucos, envolvendo a gente em uma atmosfera de medo e ansiedade que poucos autores sabem criar com tanta maestria.

      "O Poço e o Pêndulo" é a prova definitiva de que não é necessário usar de elementos sobrenaturais para incutir medo, para isso basta explorar os recônditos da mente humana. Recursos esses que, mais tarde, viriam a se tornar o âmago dos famosos thrillers psicológicos. Mais uma vez, Poe chocando a sua geração e dando mostras de que era um autor muito à frente de seu tempo.

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