RESENHA: O Talismã - Stephen King & Peter Straub

      Publicado pela primeira vez em 1983, "O Talismã" é fruto de uma parceria entre os escritores Stephen King e Peter Straub. Mesclando elementos fantásticos com a realidade, aqui vamos acompanhar a saga de Jack Sawyer, um garoto de doze anos, em busca de um artefato mágico que pode ser a chave para salvar a vida de sua mãe, acometida de um câncer. Enquanto mãe e filho tiram férias fora de época em New Hampshire, Jack percebe que não pode ficar ali parado sentindo o luto pela morte do pai, nem lamentando estar longe de seus amigos e da escola, enquanto vê a mãe definhar dia após dia. É hora de partir em busca do talismã e para isso ele vai contar com a ajuda de Speedy, o estranho zelador de um parque de diversões que carrega consigo uma garrafa com um líquido suspeito e fala de coisas malucas como um mundo alternativo, sonhos de olhos abertos, duplos e uma rainha que está doente em algum lugar.


      Assim como em "O Mágico de Oz" e "Alice no País das Maravilhas", "O Talismã" também tem o seu mundo mágico e ele é conhecido como os Territórios. Alternando entre o mundo real e os Territórios, Jack irá descobrir que quando o assunto é perigo o mundo real não está tão distante assim do fantástico, com suas árvore-vivas e lobisomens. A Oatley Tap, a Casa Sunlight e o Campo Prontidão são alguns exemplos do quão longe a ganância, o fanatismo religioso e a sede de poder podem chegar, elementos esses que podem ser tão nocivos quanto qualquer criatura imaginada, ou até pior. "O Talismã" é uma história de fantasia e amadurecimento, aclamada por uns e odiada por outros. Eu faço parte desse segundo grupo e vou explicar o porquê.


      O livro parte de uma premissa interessante, mas peca em desenvolvimento. Tem muita coisa que não funcionou pra mim e a lista é grande, a começar pelos personagens. Nem mesmo Jack me cativou, achei ele extremamente adulto para um criança de doze anos. Seu amigo Richard, pior ainda, ganhou uma passagem VIP direto para o hall dos personagens mais chatos da literatura. O vilão é fraco e não dá medo. Pra quem está acostumado com os vilões do King, que costumam ter uma alta carga de complexidade e motivação, esse é uma baita decepção. Os poucos personagens que cativam são mal aproveitados. Outro problema está na narrativa, parece que King e Straub estão disputando pra ver quem consegue ser mais prolixo. O tempo todo somos bombardeados de informações inúteis, como a marca de cigarros que o personagem está fumando ou a marca dos salgadinhos que ele está comendo. O livro tem tantos excessos e dá tantas voltas que a história simplesmente não flui! Toda vez que parece que vai engrenar, voltamos a estaca zero. E para completar, o final é digno de "Sessão da Tarde", previsível e sem graça. Não sei se o problema foi Straub, se foi King, se foi a ideia de escrever em parceria. Talvez na mão de um único escritor a história fosse mais bem amarrada. Só sei que não consegui me envolver com essa leitura, não consegui me importar com os personagens e não gostei nada desse livro. Essa foi a minha primeira experiência com Peter Straub (que trauma!) e minha pior com Stephen King. Deus me livre e guarde de "A Casa Negra", continuação dessa presepada literária.

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