RESENHA: Black Hammer Vol. 4 - Jeff Lemire

      Eles foram os heróis de Spiral City: Black Hammer, o campeão das ruas; Abraham Slam, o destruidor do crime; Menina de Ouro, a heroína queridinha da América; Barbalien, o guerreiro de marte; Madame Libélula, a dama do macabro; Coronel Weird, o explorador interestelar; e sua parceira robô, Talky-Walky. Tempos atrás eles uniram forças para enfrentar o terrível Antideus e salvar o mundo da destruição, mas os dias de luta e de glória ficaram para trás. Após derrotarem o vilão, nossos heróis se viram misteriosamente transportados para uma fazenda nos arredores de Rockwood, em um mundo completamente desconhecido. Impedidos de ultrapassar os limites da cidade, os ex-heróis tentaram, dentro do possível, levar uma vida normal enquanto buscavam por respostas: "Por que estamos aqui? Onde é aqui? E como sair desse lugar?" Aos poucos, eles foram se habituando a vida na fazenda, alguns nem tanto, e quando já quase não havia mais esperanças eis que surgiu Lucy, a filha de Black Hammer, e muitas revelações vieram à tona.

      Esse é, basicamente, um resumo dos volumes anteriores da série criada pelo canadense Jeff Lemire e desenhada por Dean Ormston. Black Hammer é uma homenagem aos quadrinhos clássicos de super-heróis, mas que não se limita a isso. Traz também muitas referências a cultura pop, trata de temas totalmente humanos e levanta algumas questões bem atuais. Em 2017, foi vencedora do prêmio de melhor série original pelo Eisner Awards e se tornou uma das séries de quadrinhos mais populares e queridinhas da atualidade. Esse, que é o último volume, conta com seis fascículos e encerra, de forma decepcionante para muitos, o primeiro arco de Black Hammer (Lemire já avisou que tem maiores planos para esse universo).

      Quando digo que a série teve um final decepcionante para muitos me baseio nas duras críticas que Lemire sofreu e, apesar de não concordar com as mesmas, acho que as entendo. O volume anterior trouxe o grande plot twist da série e respondeu a maioria das perguntas que estava na nossa cabeça e na dos nossos heróis. Em relação a ele, pode-se dizer que esse último volume é um anticlímax. Pra quem esperava por um final épico, com uma grande batalha como se costuma ver em histórias de super-herói, a decepção é certa. Mas devemos lembrar que durante toda a saga de Black Hammer o foco de Lemire nunca foi o lado heroico dos personagens, mas sim o lado mais humano. Olhando por esse ângulo, uma obra que tratou de temas como amadurecimento, relacionamento e sexualidade não poderia terminar de outra forma que não intimista. Como fã de Marvel e DC, Jeff Lemire usou e abusou de referências desses dois universos, fez suas homenagens, mas soube manter as rédeas do projeto e entregou um final original e que faz jus a toda a trajetória de Black Hammer até aqui.

      Muitos spin-offs surgiram da série, seu universo será expandido e já é certo que Black Hammer ganhará adaptação para TV e cinema (inclusive com o próprio Lemire à frente do projeto). É sucesso que fala, né? Resta aguardar o que vem por aí e torcer para que a editora Intrínseca mantenha o excelente trabalho que vem sendo feito com essa série e traga tudo o que sair referente a esse universo, que a meu ver é bem mais interessante, e com muito mais potencial para ser explorado, do que qualquer outra coisa de super-herói que tem saído por aí.

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