RESENHA: Iron Maiden - Senjutsu (2021)


      Lançado em 3 de setembro de 2021, "Senjutsu" ("táticas" em japonês) é o 17º álbum de estúdio da banda britânica de heavy metal Iron Maiden, o 6º da formação em sexteto. Lançamento do Iron é sempre um grande evento no mundo da música e dessa vez não foi diferente: o álbum deu e ainda está dando o que falar. Aclamado por uns e massacrado por outros, a máxima é: "fale bem ou fale mal, mas fale de Senjutsu". Sendo assim, resolvi trazer aqui as minhas impressões.

      Mas por que demorei tanto tempo pra falar sobre? Bom, esse é o primeiro ponto sobre "Senjutsu": o álbum precisa de um tempo de contemplação e dificilmente vai te pegar de primeira. Apenas duas faixas são de fácil assimilação: "Stratego", com aquela cavalgada clássica, e "Days of Future Past", que esbanja melodia. As outras são canções mais densas, não só pela longa duração mas também pela estrutura diferenciada, viradas de tempo, andamentos mais cadenciados mesclados a riffs mais pesados, longos solos de guitarra, enfim, nada que um fã de Maiden já não esteja acostumado, mas que leva certo tempo para ser digerido.

      Já na abertura isso fica bem claro com a extensa e grandiosa faixa-título. Em "The Writing on the Wall" a banda flerta com o southern rock, achei curiosa a escolha da faixa para primeiro single, prova que o Iron, mesmo sem abrir não de sua sonoridade clássica, ainda se arrisca a incorporar novos elementos ao seu som. "Senjutsu" não chega pra ser só mais um, é um álbum singular na discografia do Maiden e que imprime uma forte identidade.


      O QUE EU MAIS GOSTEI? Pra mim, a dupla Dickinson/Smith roubou a cena! É dela as melhores composições: "The Writing on the Wall", "Days of Future Past" e, minha favorita, a belíssima e sombria "Darkest Hour". Também merecem destaque "The Time Machine" e dois épicos de Steve Harris: a hipnotizante "The Parchment" e "Hell on Earth", que fecha o disco com maestria.

      O QUE NÃO ME AGRADOU? A única faixa que não me pegou foi "Lost in a Lost World", mas isso pode mudar com o tempo, afinal, "Death of the Celts" também demorou pra me conquistar. Não achei que foi uma boa colocar as três músicas mais longas, que somam incríveis 35 minutos, para fechar o álbum (apesar de serem canções épicas). Quanto a produção, reclamação recorrente dos últimos álbuns do Maiden e que mais uma vez ficou por conta de Kevin Shirley em parceria com Steve Harris, acho que poderia ser melhor: falta um pouco de brilho e o som, por vezes, soa como que abafado. Mas nada que comprometa e isso também não é novo. São apenas alguns detalhes, não dá nem pra dizer que são defeitos, afinal, foram escolhas do artista e devem ser entendidas como tal.

      Apontados os prós e os contras, acredito que "Senjutsu" não irá agradar aos ouvidos mais imediatistas, mas irá recompensar aqueles que tiverem paciência e atenção. É um álbum denso, não fácil de penetrar e que carece de músicas mais "comerciais". Confesso que tive um pouco de dificuldade no início, mas a obra foi crescendo a cada audição e acabou por me cativar. Onde se encaixa "Senjutsu" na discografia do Maiden? Isso só o tempo irá dizer...

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