RESENHA: Dez Centímetros Acima do Chão - Flavio Cafiero

      Nascido em 1971, na cidade do Rio de Janeiro, Flavio Cafiero é escritor, ator, dramaturgo e roteirista. Publicou seu primeiro romance, "O Frio Aqui Fora" (finalista dos prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura), em 2013, e estreou na dramaturgia no ano seguinte, com a peça "Antes de Mais Nada". Vencedora do Concurso Nacional de Literatura Prêmio Cidade de Belo Horizonte em 2013, "Dez Centímetros Acima do Chão" é sua primeira coletânea de contos e reúne quatorze textos escritos entre os anos de 2008 e 2013.

      Suas narrativas curtas são marcadas por um leve fluxo de consciência e pela exploração do cotidiano. A rotina, o desgaste das relações, sentimentos mal resolvidos, dramas familiares, a perda e o luto, esses são alguns dos temas com os quais vamos nos deparar ao longo dessa leitura. Acontecimentos aparentemente banais ganham novos significados: a criança que quebra uma estatueta, o casal que parece se desentender na mesa ao lado, a moça que passa batom enquanto dirige. Tudo isso desencadeia toda uma série de pensamentos e acontecimentos, às vezes trágicos. Os contos são curtos, o que não me permite aprofundar muito sobre eles aqui (quanto menos você souber, mais será impactado), e, em sua maioria, com finais abertos, elemento que particularmente adoro (ainda mais em uma leitura coletiva, que foi como li a obra), pois abre espaço para diferentes interpretações. Cafiero também faz um novo uso das notas de rodapé (pelo menos eu nunca tinha visto nada parecido), o que dá toda uma dinâmica diferenciada para a narrativa. Meus contos favoritos foram "O Atirador de Facas", "Não Fale com o Fantasma" e aquele que dá título ao livro.

(Flavio Cafiero)

      Conhecer um novo autor é sempre gratificante. E quando é nacional e contemporâneo, melhor ainda. Gostei muito da experiência! Apesar de muito peculiar, a escrita de Cafiero me remeteu a dois grandes mestres da nossa literatura: Lygia Fagundes Telles e Ignácio de Loyola Brandão, principalmente pelo tratamento dado às camadas mais subterrâneas do cotidiano, aquilo que nem sempre percebemos mas que está ali, nas entrelinhas. Com certeza irei atrás de outras de suas obras, pois fiquei curioso pra saber o desenvolvimento que o autor daria para um romance.

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