RESENHA: Love: A História de Lisey - Stephen King


      Em 2021, "Love: A História de Lisey" ganhou não só uma adaptação em série como também uma nova edição pela Editora Suma. Escrita pelo próprio Stephen King, dirigida por Pablo Larraín e estrelada por Julianne Moore, a série dividiu opiniões e foi alvo de muitas críticas. Ainda não assisti (e nem sei se o farei) e confesso que a sinopse do romance não me despertava tanto interesse assim. Afinal, por que resolvi ler o livro? Simples: Gosto muito dessa fase do início dos anos 2000 do King. É dela a coletânea "Tudo é Eventual" e os romances "Sob a Redoma" e, meu favorito, "Duma Key". Junta-se a isso a nova edição (que por sinal está muito bonita) e temos motivos suficientes para passar "A História de Lisey" na frente na pilha de leitura.

      Lisey e Scott foram casados durante 25 anos. Ele, um escritor de sucesso. Ela, vista apenas como a "sombra do escritor famoso". Ela, viva. Ele, morto. Dois anos após a morte do marido, Lisey acredita que se sente pronta para finalmente começar a colocar seu escritório em ordem. Mas a herança deixada por Scott vai muito além de prêmios empoeirados, manuscritos inacabados, caixas e mais caixas... Um rastro de sangue e loucura, passagens para uma espécie de mundo alternativo e fãs psicopatas que não irão medir esforços para por as mãos até na lista de compras deixadas por ele. Não bastasse tudo isso, Lisey ainda tem que lidar com Amanda, a irmã problemática que tem surtos psicóticos sempre nos piores momentos. Em meio a dramas familiares, pesadelos estranhos e ligações ameaçadoras, Lisey não poderia imaginar que aceitar a morte de Scott e tocar sua vida adiante pudesse ser tão difícil.

(A adaptação)

      Até aqui uma boa premissa, né? Pena que a execução não tenha sido das melhores. A narrativa do romance é extremamente fragmentada, a história se passa mais no passado que no presente e simplesmente não anda. O tempo todo somos bombardeados com memórias e a maioria delas repetitiva. Nas últimas duzentas páginas a coisa melhora, mas aí acaba rápido. Fica a sensação de que dava pra ter tirado mais da trama e explorado melhor o suspense psicológico, que funciona bem nas poucas vezes em que aparece. Como ponto positivo fica o protagonismo feminino. Lisey é uma personagem forte, que cresce muito ao longo da narrativa e se revela muito mais que a simples sombra de alguém famoso. Parece que aqui King se inspirou levemente em sua esposa, Tabitha.

      Uma colcha de retalhos (não muito bem costurada) de "O Cemitério" (luto), "O Talismã" (mundos alternativos) e "Misery" (fã maluco), "A História de Lisey" não figura entre os melhores do mestre, fica bem longe disso. Um livro para passar o tempo, nada excepcional.

(Tabitha e Stephen, o casal King)

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