RESENHA: As Crônicas Marcianas - Ray Bradbury

"Os homens da Terra têm talento para acabar com coisas grandes e belas."


      Um dos maiores nomes da ficção científica, Ray Bradbury nasceu em 1920, na cidade de Waukegan, Illinois. Começou publicando em fanzines e, nos anos 40, já vendia seus contos para revistas de ficção científica. Além de contos, escreveu romances, poesias, peças de teatro e roteiros para TV e cinema. Na literatura não se limitou ao scifi e se aventurou por gêneros como o terror e o suspense. Em 1953, publicou "Fahrenheit 451", uma das peças fundamentais da distopia e que o consagrou mundialmente. Ao longo de sua carreira angariou prêmios importantes como American Academy of Arts and Letters (1954), o Daytime Emmy Award (1994) e o Pulitzer (2007).

      Publicado originalmente em 1950, "As Crônicas Marcianas" pode ser considerado o primeiro grande salto na carreira do autor. O volume é composto por 26 contos interligados que retratam a colonização de Marte pelo homem. Ainda faltavam quase 20 anos para que Neil Armstrong pisasse na lua, mas o desconhecido já instigava a imaginação no que diz respeito ao espaço, e Bradbury não estava imune a isso. Cada conto aqui narra um capítulo dessa "colonização", desde a decolagem do primeiro foguete até o último, o que torna um pouco difícil falar sobre esse livro sem dar spoilers. Apenas para citar alguns exemplos, vamos conhecer aqui a história de um homem foi pra Marte para plantar árvores, outro que inaugurou a primeira barraquinha de cachorro-quente do planeta vermelho e um terceiro que resolveu dar vida a casa de Usher (sim, aquela do conto do Poe).

(Ray Bradbury)

      Com uma escrita afiada e concisa, Bradbury constrói uma intrigante narrativa, ora bem-humorada, ora melancólica, que nos impele a avançar conto a conto em busca de respostas. O protagonista aqui não é o povo marciano e nem suas tecnologias, mas sim a condição humana, que é revirada e analisada por todos os ângulos pelo autor. "Fahrenheit" só seria publicado três anos mais tarde, mas aqui Bradbury já fomentava o universo do romance. Guerras, críticas sociais, política, questões ambientais e a incrível capacidade que o ser humano tem de deixar um rastro de destruição por onde quer que passe, esses são apenas alguns dos temas que surgem ao longo da leitura. Divertido, mas não desprovido de levantar reflexões, "As Crônicas Marcianas" é um ótimo exercício para questionarmos qual o nosso papel enquanto espécie "evoluída".

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