RESENHA: Norwegian Wood - Haruki Murakami


      Um dos principais nomes da literatura japonesa contemporânea, Haruki Murakami nasceu em Kyoto, em 1949. Se formou em dramaturgia clássica na Universidade de Waseda e morou alguns anos nos EUA. Traduziu para o japonês obras de escritores como J. D. Salinger, F. Scott Fitzgerald e John Irving. Muitas vezes acusado pelos mais puristas de ser influenciado pela cultura ocidental, começou a quebrar essa resistência com a publicação de "Norwegian Wood", em 1987, livro responsável por catapultar a carreira do autor no Japão. Mais tarde, vieram trabalhos que podem ser considerados clássicos precoces, como "A Crônica do Pássaro de Corda" (1994), "Kafka à Beira-mar" (2002) e a trilogia "1Q84" (2009). Marcada por temas como surrealismo e fatalismo, sua obra já foi traduzida para mais de quarenta idiomas e lhe rendeu diversos prêmios, entre eles o Yomiuri (1995) e o Franz Kafka (2006).

      Conhecido como o Apanhador no Campo de Centeio japonês, "Norwegian Wood" é um breve romance de formação ambientado na Tóquio dos anos 60. Toru Watanabe é um jovem e solitário estudante de teatro que passa seus dias ouvindo discos e lendo autores como F. Scott Fitzgerald, Thomas Mann e William Faulkner. Morando em um alojamento masculino, ele divide o quarto com uma figura muito peculiar conhecida como "Nazista". Para cobrir os seus gastos, Watanabe trabalha em uma loja de discos e em suas raras saídas caminha pelas ruas de Tóquio com sua amiga Naoko. Unidos pelo luto, os dois jovens acabam desenvolvendo uma sensível e complexa relação, que pode vir a acarretar trágicas consequências. Em torno de Watanabe e Naoko giram personagens marcantes, como o egocêntrico Nagasawa, a extrovertida Midori e a insegura Reiko. O romance também transpira referências a cultura pop e não por acaso toma seu título emprestado de uma canção dos Beatles.

(Haruki Murakami)

      "Norwegian Wood" é um romance sobre a transição da adolescência para a vida adulta, mas nada aqui é alegre e colorido (e não é assim na vida real?). O tom do livro é extremamente melancólico e angustiante. Mesmo com uma escrita leve e fluida, Murakami não deixa de debater temas mais pesados. Juntam-se a iniciação sexual do protagonista e a sua busca por identidade temas mais delicados como o luto, a loucura e o suicídio. A passagem do tempo e a efemeridade da vida também são assuntos recorrentes ao longo da leitura, que é recheada de diálogos notáveis. Tendo "O Apanhador no Campo de Centeio" e "A Montanha Mágica" como, talvez, suas maiores inspirações, o romance de Murakami é um convite para que o leitor dê aquela olhadinha básica no retrovisor da vida. Escolhas, arrependimentos, primeiros amores e o primeiro contato com a morte, essas são apenas algumas das lembranças que essas páginas são capazes de evocar.

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