RESENHA: O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald

      Nascido em 1896, na cidade de St. Paul, Minnesota, F. Scott Fitzgerald é considerado um dos maiores escritores norte-americanos do século XX. Em sua obra, que tem como tema central o "sonho americano", conseguiu como poucos captar a essência de sua época: a extravagante Era do Jazz. Teve uma vida breve, publicou seu primeiro romance em 1920 e faleceu apenas vinte anos depois, vítima de um ataque cardíaco. Os problemas em seu conturbado casamento com a artista Zelda Sayre acabaram por afastá-lo da literatura e Fitzgerald já estava praticamente esquecido quando encontrou a morte em Los Angeles. Apesar de não ter sido um sucesso imediato, "O Grande Gatsby", sua obra-prima, é hoje considerada uma das mais representativas do romance americano e já é figurinha carimbada nas listas de melhores obras da crítica especializada. Finalizado enquanto o autor estava em Paris, acompanhado da chamada Geração Perdida (Ernest Hemingway, Gertrude Stein e cia.), o romance foi publicado pela primeira vez em 1925 e insiste em se manter atual.

(F. Scott Fitzgerald)

      A década é 1920. O jovem Nick Carraway acaba de se mudar para Long Island e se descobre vizinho de ninguém menos que o bilionário Jay Gatsby. Mansão, piscina, carros luxuosos e festas extravagantes. Todo fim de semana a música soa em alto e bom som na casa de Gastby enquanto um mar de celebridades locais desfila pelo seu jardim. Mas a aura de ostentação não é a única que gira em torno de Gatsby, ele também carrega consigo um quê de mistério: Qual sua origem? De onde vem toda sua grana? Estaria ele envolvido em negócios obscuros, como dizem os boatos? Quem é esse homem que se autoafirma "filho de Deus"? São perguntas que permeiam a mente de Carraway enquanto o jovem é introduzido na alta sociedade por sua prima, Daisy. Tom Buchanan, Jordan Baker e Myrtle Wilson completam o círculo que funciona como uma espécie de microcosmo da sociedade americana daquela década. Mas Carraway, observador arguto, não demora a perceber as rachaduras na classe aristocrática: Machismo, racismo e falso moralismo, pessoas rasas e infelizes perseguindo sonhos partidos, tudo muito bem ocultado por uma fina camada de glamour.

(A adaptação de 2013, estrelada por DiCaprio)

      Uma obra de arte não apenas por ser um retrato fiel de sua época mas também pelo intrincado elemento narrativo que Fitzgerald construiu, "O Grande Gatsby" é uma crítica ao "sonho americano" (que hoje já não é tão exclusivamente americano assim, né?). Materialismo e ideal duelam entre si nesta intrigante narrativa regada a montes de dinheiro, drinks e hipocrisia, e que não perde o poder de questionar o status quo. A edição da Penguin conta com tradução de Vanessa Barbara e traz notas e uma rica introdução do crítico britânico Tony Tanner. A obra já ganhou diversas adaptações para o cinema, sendo a mais famosa delas a de 2013, dirigida por Baz Luhrmann e estrelada por Leonardo DiCaprio. O filme venceu o Oscar de melhor figurino e melhor direção de arte, em 2014. Já assistiu?

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