RESENHA: O Grande Livro dos Vampiros - Stephen Jones


      Um dos mais aclamados nomes do horror, Stephen Jones nasceu em 1953, em Londres, Inglaterra. Ao longo de sua prolífica carreira, editou e organizou coletâneas de mestres como H. P. Lovecraft e Robert E. Howard, trabalhou também com Clive Barker, Neil Gaiman e Stephen King, e fundou a "Best New Horror", coleção dedicada à autores contemporâneos e que hoje já conta com mais de 30 volumes publicados. Angariou uma extensa lista de premiações, entre elas o World Fantasy Award (4 vezes), o Bram Stoker Award (6 vezes) e o British Fantasy Award (incríveis 21 vezes!). Seus serviços prestados ao gênero lhe renderam um prêmio da Horror Writers Association, "pelo conjunto da obra". Hoje, o nome de Jones já é sinônimo de horror, sendo impossível separar uma coisa da outra. Compilado pelo lendário editor britânico, "O Grande Livro dos Vampiros" reúne 35 contos vampirescos escritos por mulheres. Trazida ao Brasil pela editora Pipoca & Nanquim, a obra preenche uma importante lacuna para os fãs do gênero, uma vez que traz algumas autoras nunca antes publicadas por aqui e nos permite acompanhar de perto a evolução do mito do vampiro no campo da literatura ao longo dos anos, cobrindo um período que vai do século XIX até o início dos anos 2000.


      Sabe aquela máxima de que "história de vampiro é tudo igual"? O livro de Jones põe essa equivocada teoria abaixo e mostra porque o mito do vampiro é uma fonte inesgotável de inspiração. Aqui temos vampiros para todos os gostos! O livro abre com Anne Rice e segue oferecendo um vasto cardápio de autoras premiadas no exterior, mas que não são tão conhecidas por aqui. As histórias não se diferenciam apenas por sua data de publicação e nacionalidade da autora, mas também pelo gênero. Enquanto algumas se aproximam mais daquele horror gótico (estilo "Drácula"), outras apostam no suspense e no mistério, às vezes até flertando com o gênero policial. Outras ainda tomam um caminho diferente, dando ênfase a perversidade humana em detrimento ao sobrenatural (nesses casos sobram até algumas críticas sociais). Há ainda aquelas que têm uma pegada de scifi e aquelas que exploram contextos históricos (como a Revolução Francesa e Segunda Guerra Mundial, só pra citar alguns exemplos). Mas, seja qual for a época e o contexto, sangue e sensualidade não irão faltar! São mais de 700 páginas com histórias curtas e gostosas de se ler à noite. Quanto a edição, segue o selo PN de qualidade que a gente já conhece: capa dura, fitilho, folhas amareladas e boa diagramação. O livro ainda conta com prefácio de Ingrid Pitt e cada conto é precedido por uma breve biografia de sua autora. A arte de capa é assinada por Wagner William e remete a filmes e revistas pulp. Todo o projeto gráfico casa muito bem com a proposta do livro de Jones.


      Foram meses de leitura, isso porque gosto de degustar aos poucos esse tipo de coletânea, mas esse é um livro relativamente fácil de se devorar. Como é natural em uma antologia, o livro tem seus altos e baixos, e alguns contos acabam sendo ofuscados pelos demais. Fica um pouco difícil comentar conto a conto aqui, mas no geral foram poucos os que não me agradaram. Pelo menos menos uma dúzia dos contos é excelente, com destaque para: "Bem o Tipo Dele", "A Bondosa Lady Ducayne", "O Corvo Cativo", "A Escadaria Noturna", "Jack", "Para Sempre, Amém", "Serviços Prestados" e "Versão Pirata". Me surpreendi bastante com as diferentes abordagens que cada autora deu ao mito do vampiro. Confesso que no início estava com um pouco de receio do livro soar repetitivo, mas isso não acontece. Muito pelo contrário, a cada conto lido a gente se sente impelido a já partir para o próximo. Apesar de gostar do tema dentro da cultura pop, não imaginava haver tantas possibilidades. O livro de Jones realmente entrega o que promete, é uma peça indispensável para os fãs do gênero e acredito que também irá agradar aqueles leitores de primeira viagem que querem dar os seus primeiros passos na literatura vampiresca. Ao que parece, a editora pretende trazer outros de seus compilados pra cá e fico feliz em saber disso. Que venha mais Stephen Jones e que venham mais autores inéditos por aqui! Os fãs de horror agradecem.

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