RESENHA: Sentimento do Mundo - Carlos Drummond de Andrade

          Cronista, contista e um dos mais influentes poetas brasileiros, Carlos Drummond de Andrade nasceu em 1902, no município de Itabira, em Minas Gerais. Ao lado de nomes como Vinícius de Moraes e Murilo Mendes, se destacou como um dos protagonistas da chamada segunda geração do Modernismo brasileiro. Foi vencedor de prêmios como o Jabuti (1968) e o Juca Pato (1982). Sua obra é vasta e trata de temas que vão desde questões existencialistas até o cotidiano, passando pela infância, a política e o erotismo. Dando continuidade ao meu projeto de ler a obra drummondiana em ordem cronológica (pelos menos as que tenho aqui), a leitura da vez foi "Sentimento do Mundo".

          Publicado pela primeira vez em 1940, esse é o terceiro livro de poesias do autor e o primeiro a ser redigido na então capital, cidade do Rio de Janeiro. Com clássicos como "Confidência do itabirano", "Poema da necessidade", "Menino chorando na noite", "Ode no cinquentenário do poeta brasileiro" (esse uma homenagem ao pernambucano Manuel Bandeira) e o poema que empresta título ao livro, o volume é um dos mais celebrados da obra de Drummond e reúne 28 poemas que conversam direta ou indiretamente com os desdobramentos da Segunda Guerra Mundial e a ditadura de Getúlio Vargas.


          Como o próprio título sugere, "Sentimento do Mundo" evoca a imagem do homem, pequenino e impotente, diante dos acontecimentos exteriores. Mas o livro não fica só nisso e, como um pêndulo, irá alternar entre o mundano e o que há de mais íntimo, o homem indivíduo e o homem na sociedade, o pequeno e o grande. Essa alternância de perspectiva perdura toda a leitura, com Drummond evocando ora a cidade, ora o campo, e trabalhando ora o contexto histórico/político, ora elementos autobiográficos. Mesmo nos poemas em que a guerra não aparece de forma mais explícita, é possível sentir sua atmosfera, tão bem captada pelo autor, nas entrelinhas. A morte, a amargura, o pessimismo e a melancolia se fazem presentes. Mas Drummond consegue, de certa forma, lançar um pequeno feixe de esperança e essa é a mensagem que carrego do livro. É sempre uma tarefa difícil resenhar poesia, pois um verdadeiro turbilhão de emoções jorra da gente durante a leitura e é impossível colocar tudo isso em palavras, por isso não vou me estender mais e encerro por aqui a minha vã tentativa. Deixo abaixo alguns trechos dos poemas que mais gostei...





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