RESENHA: Oliver Twist - Charles Dickens


          Nascido em Portsmouth, Inglaterra, no ano de 1812, Charles Dickens foi um dos maiores escritores da era vitoriana. De origem humilde, mal pôde se dedicar aos estudos e, para ajudar a família que se afundava em dívidas, teve que começar a trabalhar ainda aos doze anos em uma insalubre fábrica de graxa de sapato. Aos 17, começou a cobrir processos jurídicos e a vender suas matérias para impressos locais. Os jornais teriam um papel fundamental em sua carreira. Foi através deles que Dickens publicou o seu primeiro conto, fixou-se como repórter e inaugurou uma série de crônicas sobre Londres. Casou-se em 1836 e passou então a se dedicar inteiramente a carreira de escritor. Mestre do romance e da narrativa curta, publicou obras memoráveis como "Um Conto de Natal", "David Copperfield", "Grandes Esperanças" e muitos outros clássicos que contribuíram para a introdução da crítica social na ficção inglesa. Vítima de um derrame, faleceu em 1870, na sua casa de campo, em Kent.


          Publicado originalmente em formato de folhetim entre os anos de 1837 e 1839, "Oliver Twist" é seu segundo romance e, assim como seu antecessor, "As Aventuras do Sr. Pickwick", foi um sucesso imediato. Em 1834, na Inglaterra, havia sido aprovada a Nova Lei dos Pobres, que sufocava a assistência social e incumbia à Igreja Anglicana o dever de ajudar os mais necessitados. A Igreja, por sua vez, jogava os pobres coitados nos chamados workhouses, asilos onde eram explorados e forçados a viver sob condições desumanas. O jovem Oliver Twist é um desses miseráveis. Órfão, foi criado em um asilo e desde pequeno sabe o que é a fome, a violência e a solidão.

          O grande desafio do romance em folhetim era prender a atenção do leitor até a publicação do próximo capítulo e Dickens o fazia com maestria. Seus capítulos sempre fecham com grandes ganchos e plot twists, fazendo de seus romances verdadeiros novelões. "Oliver Twist" não é diferente. Embebida de uma escrita altamente sarcástica, a obra é de fácil e rápida leitura, com Dickens fuzilando as instituições e denunciando as injustiças sociais que impregnavam uma Inglaterra recém-industrializada. Removendo o verniz de Londres, o autor escancara o seu lado mais podre, com todos os mendigos esfomeados, prédios decrépitos e os mais vis criminosos. Na figura de personagens caricatos como o sacristão Bumble e o juiz Fang, Dickens denuncia a hipocrisia religiosa, o falso moralismo e toda a corrupção que acontecia nas instituições e na classe aristocrática. Tudo isso faz de "Oliver Twist" um romance extremamente ácido, bem-humorado e gostoso de se ler.

          Essa edição integra a coleção "Clássicos da Literatura UNESP", que tem como intuito introduzir novos leitores a clássicos da literatura mundial. São edições simples, mas extremamente bem feitas e agradáveis de manusear durante a leitura. O conteúdo interno faz lembrar bastante aquelas edições da "Abril Cultural", com a diferença que o tamanho da fonte aqui é bem mais agradável. Felizmente, a editora tem resgatado alguns títulos bem interessantes e que vinham sendo negligenciados por aqui, como é o caso do próprio "Oliver Twist".




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