RESENHA: Amanhã Teremos Outros Nomes - Patricio Pron


          Patricio Pron é um escritor e doutor em filologia românica, nascido na Argentina, em 1975.  Atualmente vive em Madrid, na Espanha, onde escreve para o jornal EL País. Considerado um dos mais promissores escritores da língua espanhola, seus contos e romances foram traduzidos para diversas línguas e chegam ao Brasil pelas mãos da editora Todavia, que também publicou "O Espírito dos Meus Pais Continua a Subir na Chuva". Publicado originalmente em 2019, "Amanhã Teremos Outros Nomes" é um romance que retrata como nos aproximamos, amamos e nos distanciamos, um exercício sobre relacionamentos em tempos de redes sociais e aplicativos para encontrar o parceiro ideal.

          Aqui vamos acompanhar o drama de um casal em vias de separação após cinco anos de relacionamento. Ela, uma arquiteta com a carreira estagnada. Ele, um ensaísta que parece acomodado com a vida que leva. Os desgastes na relação cobram seu preço, o que acaba resultando em rompimento. Mas ambos se descobrem completamente deslocados em um "mercado sentimental" onde tudo acontece muito rápido e nada é processado, o próximo parceiro é escolhido a dedo em uma tela de celular, a exposição é escancarada nas redes sociais e estar sozinho é visto como uma doença, ainda mais quando já se tem certa idade. Dotado de um tom melancólico, o livro de Patricio é muito mais que um simples drama, é também um convite a reflexão sobre a forma como nos relacionamos em tempos atuais.

          Apesar de ter gostado da leitura (a literatura argentina cada vez mais me cativa), confesso que nem tudo no livro me agradou. O desenrolar da história teve pelo menos dois acontecimentos que achei meio forçados, um deles bem desnecessário. Outra coisa que me incomodou foi o fato dos personagens não terem nomes. O casal é tratado apenas como Ela e Ele, e os personagens secundários são resumidos a iniciais. Embora ache que esse anonimato tenha um propósito e dialogue com a proposta do romance, foi bem confuso de lembrar quem era quem em alguns momentos da história. Leitura recomendada, embora com ressalvas.

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