RESENHA: Mate-Me Por Favor - Legs McNeil & Gillian McCain


          Como relatar um acontecimento tão explosivo e voraz como o surgimento do punk rock? Essa é a difícil tarefa que a dupla Legs McNeil e Gillian McCain tomou para si ao escrever este livro. Legs, um jornalista norte-americano especializado em música e cofundador da revista Punk; Gillian, uma fotógrafa e poeta canadense. Publicada originalmente em 1996 e trazida ao Brasil anteriormente em dois volumes de bolso, a obra ganhou recentemente uma nova edição, dessa vez em volume único, pelas mãos da editora L&PM. Dividido em seis partes (ou seis períodos), o livro narra, de forma nua e crua, como o título sugere, a trajetória da música que partiu das ruas de Nova York e tomou a Inglaterra de assalto, trazendo o rock de volta às raízes (adeus, solos de vinte minutos, bem-vindos os três acordes), dando voz às causas políticas e sociais, e levando adiante a filosofia do "faça você mesmo".



          Legs e Gillian começam a contar essa história tendo como ponto de partida Lou Reed e sua turma: o Velvet Underground. Cobrindo mais de 25 anos de música, o livro passa por MC5, Iggy Pop e os Stooges, New York Dolls, Patti Smith, Television, Ramones, Sex Pistols e The Clash, e isso só para citar alguns dos principais personagens do punk. Ao longo da leitura também somos transportados para diversos cenários, como os círculos de poesia frequentados por Patti Smith, bares e casas de show históricas, como o lendário CBGB's. Drogas, sexo e violência não irão faltar, é vasto o cardápio de encrencas em que essa turma se metia. E no final, é claro, os exageros cobraram o seu preço (são tristes os derradeiros capítulos).



          "Mate-me Por Favor" é todo composto de excertos de entrevistas, diários, livros e revistas, tudo organizado de forma impecável pelos autores. Não há uma narrativa linear, são os próprios personagens do punk (desde músicos até empresários, roadies, jornalistas e groupies) que narram suas histórias. Legs e Gillian não tentam, em nenhum momento, tomar os holofotes para si. Com isso, a narrativa ganha em ritmo, verossimilhança e, por que não?, humor. O resultado é uma obra visceral, direto da fonte e sem censuras. Um verdadeiro deleite para os fãs de música e os curiosos sobre o punk.


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