RESENHA: Por que eu escrevo & outros textos - George Orwell


          Eric Arthur Blair, mais conhecido como George Orwell, nasceu em 1903 na colônia de Motihari, no norte da Índia. Filho de um funcionário da administração britânica do comércio de ópio, ainda jovem teve a oportunidade de ir para a Inglaterra, onde estudou em colégios tradicionais do país. Considerado um dos mais importantes escritores do século XX, atuou como jornalista, crítico e romancista. Integrou a polícia colonial na Birmânia e lutou contra as forças de Franco durante a Guerra Civil Espanhola. Avesso ao imperialismo, se consagrou como um escritor político destemido e incisivo, combatente mordaz do totalitarismo. Faleceu em Londres, em 1950, vítima de tuberculose.

          Mais conhecido pelo romance "1984" e pela sátira "A Revolução dos Bichos", Orwell também publicou uma série de ensaios, crônicas e textos jornalísticos. Recém lançado pela editora L&PM, o volume em questão reúne alguns de seus mais célebres escritos. Dividida em cinco seções, a obra traz textos curtos e sagazes que passeiam pelos temas: literatura, imperialismo, miséria, política e educação. O livro não apenas serve como porta entrada para aqueles que ainda não conhecem o Orwell não-ficcionista, como também nos dá um gostinho da biografia do autor. Nele, Orwell revisita, por exemplo, alguns episódios de sua infância, dos tempos de escola e da época em que atuou como guarda imperial, como o fatídico dia em que teve que abater um elefante ou assistir a uma execução por enforcamento.


          Na seção de literatura, o autor não só discorre sobre as motivações que o levaram a escrever, como debate sobre o papel do resenhista e evoca memórias do tempo em que trabalhou em um sebo. Em "Livros x cigarros", Orwell prova que para tornar um livro acessível não basta baixar os custos, antes disso é necessário que o povo queira acessá-lo. "Marginalizados" traz dois textos que retratam a vida dos ingleses em situação de rua e denunciam as engrenagens do sistema para que a situação assim permaneça. Mas onde o autor brilha mesmo é na seção "Política e sociedade". Depois de discorrer sobre a liberdade de imprensa, Orwell parte para cima do nacionalismo e do fascismo, ambos em suas mais variadas formas, e nos deixa uma série de alertas que, infelizmente, soam assustadoramente atuais.

          Apesar de ter alguns de seus romances entre meus livros favoritos, particularmente, sempre preferi o Orwell ensaísta ao romancista. Seus textos, curtos e inteligentes, acompanhados de uma escrita afiada, se conectam rapidamente com o leitor e conseguem tratar de assuntos complexos de forma simples e direta. Então, se você ainda não conhece o Orwell ensaísta, este livro é para você! E para aqueles que já estão mais familiarizados com a obra do autor, a leitura se mostra um verdadeiro deleite.

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