RESENHA: Um Bairro Distante - Jiro Taniguchi


          Jiro Taniguchi é um mangaká japonês, nascido em 1947, na pacata cidade de Tottori. Começou a publicar seus trabalhos nos anos 70 e ao longo de sua carreira passeou pelos mais diversos gêneros: drama, suspense, scifi, policial e muitos outros. Influenciado e igualmente celebrado pelos franceses, foi um dos principais responsáveis por fazer a ponte cultural entre os dois países, chegando a ser laureado com a insígnia de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras, na França. Faleceu em 2017, deixando um legado de grandes obras e aclamações em alguns dos principais prêmios internacionais do meio, como o Festival de  Angoulême, o Salão de Quadrinhos de Barcelona e o Osamu Tezuka.

          Publicado originalmente na revista Big Comic, entre 1998 e 1999, e considerado por muitos como sua obra-prima, "Um Bairro Distante" chega ao Brasil pelas mãos da editora Pipoca & Nanquim, trazendo o acabamento de luxo que já é de praxe da editora. A obra narra a viagem ao passado empreendida por Hiroshi Nakahara, um pai de família em sua meia-idade que, sem querer, embarca no expresso errado, indo parar em sua terra natal. Mas essa é uma viagem que vai muito além do plano físico. Ao despertar de um episódio de inconsciência, Nakahara se descobre 34 anos no passado! De volta ao seu corpo jovem, ele tem então a chance de reviver os seus 14 anos de idade. Mais que isso, tem também a oportunidade de consertar o passado, evitando um fatídico acontecimento em sua família.

          Esse é um mangá que conversa muito com a bagagem emocional do leitor, evocando lembranças, fazendo-o rever escolhas e causando comoção. Com um traço leve, a narrativa de Taniguchi é muito delicada e retrata sutilmente as emoções humanas, a passagem do tempo e os elementos da natureza (típico dos japoneses, né?). E não esqueçamos da melancolia, sempre presente em suas obras. Leitura altamente recomendada para aqueles que gostam de uma leitura mais contemplativa, sem muita ação ou grandes reviravoltas. É um mangá que transmite certa tranquilidade, sabe? Senti muita calma enquanto me perdia em suas páginas e me peguei diversas vezes devaneando e revivendo momentos. Até cadenciei um pouco o ritmo para aproveitar melhor a leitura. Pra completar, a história ainda passa uma bonita mensagem: pode não ser possível alterar o passado, mas sempre pode-se aprender com ele.









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