RESENHA: Poesia - Alberto Caeiro


"Sentir é estar distraído"


          Resenhar um livro de poesia não é tarefa fácil. E se torna ainda mais difícil quando se trata de um dos inúmeros heterônimos de ninguém menos que Fernando Pessoa. Há muito tempo estava em dívida com o poeta português. Já havia cruzado com vários de seus poemas por aí, mas nunca tinha pego um livro inteiro dele pra ler, do princípio ao fim. A "escolha" acabou recaindo sobre Alberto Caeiro, o Mestre. Escolha entre aspas porque o livro chegou até mim por meio de empréstimo (muito certeiro, aliás) e veio em boa hora!

          Mais do que uma ótima companhia para a hora do cafezinho, os poemas de Caeiro se revelaram verdadeiras lufadas de ar fresco em meio ao calor escaldante do dia a dia. Suas evocações da natureza, sua simplicidade e sua filosofia do não pensar (ou sua anti-filosofia, se preferir) me proporcionaram pequenos momentos de paz de espírito e serenidade, aliviando um pouco as angústias e ansiedades. Esse é, sem dúvida, o tipo de livro que faz a gente se sentir mais leve, capaz de transportar o leitor, esteja aonde estiver, para o campo, em meio a árvores, pedras, flores e riachos. Ler Pessoa é realmente uma experiência única.


          A edição em questão, publicada pela Companhia das Letras em 2004, traz os poemas que compõem "O guardador de rebanhos", "O pastor amoroso" e "Poemas inconjuntos", além dos poemas variantes e alguns fragmentos. O volume também conta com prefácio de Ricardo Reis e textos extras de especialistas na obra de Pessoa. O livro ganhou recentemente uma nova edição intitulada "Poesia completa de Alberto Caeiro", onde foi acrescentado um posfácio inédito de Leonardo Fróes.

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