Aqui, nós iremos acompanhar o processo de amadurecimento e formação do jovem Wilhelm Meister em um período de aproximadamente dez anos de sua vida (dos 20 aos 30, por aí?). De origem burguesa e diante de uma promissora carreira no comércio seguindo os passos do pai, nosso protagonista acredita que só através da arte conseguirá atingir o pleno desenvolvimento de suas faculdades. Para isso, ele abandona os negócios da família e decide se dedicar inteiramente à sua arte, integrando-se a uma trupe de teatro itinerante. O teatro desenvolve papel crucial no romance, com direito até mesmo a encenações de Hamlet e acalorados debates acerca de Shakespeare (na época, a obra do bardo chegava tardiamente à Alemanha e teria forte impacto em Goethe, como não poderia ser diferente). Mas, nosso jovem tem uma visão um tanto romântica, e até mesmo ilusória, dos palcos (e da vida) e logo suas convicções começam a ser postas à prova.
Ao longo de sua jornada, estranhos personagens surgem aqui e ali e soltam comentários enigmáticos, pra não dizer suspeitos. São os integrantes da Torre, uma sociedade secreta que interfere nos desígnios de seus escolhidos. Essa sociedade, que guarda semelhanças com a Maçonaria, nada mais é que a personificação da filosofia goethiana, ou seja, a voz por trás de seus integrantes é puramente a voz do autor, expressando sua concepção de mundo. Não por acaso, esta é considerada a peça fundamental para entender Goethe e, segundo alguns estudiosos, até mesmo os Faustos I e II podem ser melhor compreendidos se lidos após "Wilhelm Meister". E assim, em meio a personagens memoráveis e diálogos bem construídos, somos guiados por um labirinto de acontecimentos e estranhas coincidências que irá desembocar no naufrágio dos planos teatrais deste jovem e no seu despertar para uma visão mais realista da vida.
Em suma, é um livro que trata da formação do ser humano em dois aspectos: um intimista (mais personalista, que diz respeito àquilo que trazemos no coração e à realização de nossos desejos mais pessoais) e outro exterior (mais amplo e que visa a evolução do homem em seu meio, levando em conta o contexto político e social em que vive, almejando uma espécie de harmonização com o todo e subordinando-se à instrução dos mais sábios, sem abrir mão, contudo, de suas inclinações); sendo esse segundo aspecto defendido pela Torre, e portanto, por Goethe. Esses dois conceitos estarão em conflito ao longo de toda a narrativa e desempenharão papel fundamental no processo de amadurecimento do nosso protagonista. Além deste, outros contrastes surgirão ao longo da leitura: arte e comércio, burguesia e nobreza, livre arbítrio e destino, emoção e razão, teoria e prática.
Que livro de apoio é este que possuí informações sobre o autor?
ResponderExcluirÉ o "501 Grandes Escritores", de Julian Patrick. Traz informações bem básicas, mas não deixa de ser interessante!
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