Com a difícil tarefa de suceder o aclamadíssimo "Feral Roots" (2019), "Darkfighter" acaba de sair do forno. Sétimo álbum do Rival Sons, o disco marca a estreia do tecladista Todd Ögren-Brooks, que já acompanhava a banda em suas turnês, como membro efetivo do grupo. E é justamente ele quem faz as honras em "Mirros", faixa que abre o álbum e que se inicia com uma ambientação, rapidamente quebrada pela fúria da guitarra e da cozinha dos californianos. O recado logo está dado, temos aqui um Rival Sons mais sujo e pesado!
E isso fica ainda mais evidente na segunda faixa, a enérgica "Nobody Wants to Die", um hard urgente e acelerado, com um refrão que não sai da cabeça e um solo de guitarra matador. Sem dúvida, um daqueles hits que pegam a gente logo na primeira audição. Com um andamento mais cadenciado mas sem abrir mão do peso, "Bird in the Hand" não deixa a peteca cair e prepara o terreno para a aconchegante "Bright Light", canção mais cristalina e repleta de ótimas melodias - talvez a mais próxima do trabalho anterior que vamos encontrar aqui - e também a minha favorita do álbum.
Os fones voltam a estourar com a introdução de "Rapture". Trafegando entre passagens acústicas e explosões sonoras, a quinta faixa apresenta a típica sonoridade que consagrou o Rival Sons como um dos maiores nomes do rock contemporâneo: um blues hard de primeira e o equilíbrio perfeito entre peso e melodia. O mesmo vale para "Guillotine". Guiada por riffs poderosos e uma bateria indecente de tão absurda, a canção ecoa traços ledzeppelianos e evidencia ainda mais as influências setentistas da banda. O encerramento fica por conta das duas faixas mais longas do disco, ambas superando a marca de seis minutos. Fazendo jus ao título do álbum, "Horses Breath" e "Darkside" trazem uma atmosfera mais sombria. A primeira inclusive tem uma introdução e encerramento fantasmagóricos à la "Children of the Grave", do Black Sabbath.
Se você for esperando por um segundo "Feral Roots", o disco pode decepcionar. "Darkfighter" é, de certa forma, um contraponto em relação a seu antecessor e irá presentear os ouvidos mais abertos. Se no álbum anterior tanto as composições quanto a produção favoreciam a voz e a guitarra, o mesmo não acontece aqui. O resultado é um som mais sujo e encorpado, diria até com um quê de garagem. A banda soa claramente mais "cheia" e não há tanto espaço para os agudos de Jay Buchanan e os solos de Scott Holiday. Não que isso seja ruim, de forma alguma! O vocalista continua com a voz lá em cima e o guitarrista aposta mais nos riffs que nos solos. Mas a bateria de Michael Miley majestosa aqui e, casando com o baixo de David Beste, forma a cozinha perfeita para ditar o ritmo de uma obra desse calibre. Tudo isso faz de "Darkfighter" um disco mais pé no chão, mas muito bem executado. É hard blues direto ao ponto e sem firulas, e mais um degrau escalado na carreira dos californianos. Vale destacar que ainda esse ano o Rival Sons lançará "Lightbringer" e o título deixa evidente que o álbum conversará com o contexto de "Darkfighter". Curioso pra saber o que vem por aí? Eu tô...
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