Em setembro de 2023, um dos personagens mais longevos das histórias em quadrinhos completa 75 anos. A data acabou me chamando a atenção para o fato de eu nunca ter dado uma chance sequer ao famoso ranger. Confesso que até então eu tinha certo preconceito com Tex, mas, com a minha recente "descoberta" do fascinante catálogo Bonelli, não poderia deixar de conhecer este que é o carro-chefe da editora italiana. E na dúvida por onde começar, fui logo naquela que é considerada uma de suas melhores histórias. Publicada originalmente em três volumes em 1999, "Os Sete Assassinos" conta com roteiro de Mauro Boselli e desenhos de Carlo Raffaele Marcello. Na trama, Tex e seus pards estão no encalço de um ladrão de cavalos, mas seus caminhos acabam se cruzando com os do terrível bando de Jack Thunder.
Um pistoleiro cego que tem ouvidos de morcego, um corcunda armado com uma metralhadora de sela, um domador que treina seus cães para comer carne humana, um gigante que esmaga suas vítimas a golpes de martelo, um índio piromaníaco, um mascarado especialista em rasgar peles e um demônio com rosto angelical. Eles são os Sete Assassinos e por onde passam deixam um rastro de sangue e destruição. Para eles, a vida humana não tem valor algum e, na busca por ouro, não terão escrúpulos e muito menos piedade daqueles que estiverem em seu caminho. Temos aqui um grupo de vilões memorável, daqueles que carregam em torno de si uma aura de medo e que toda vez que aparece já sabemos que algo de muito ruim irá acontecer nas próximas páginas.
A história segue duas linhas narrativas: uma focada na busca de Tex e seus pards e outra nas barbaridades cometidas por Jack Thunder e seu bando. Em determinado momento esses dois núcleos irão se cruzar e a escalada de tensão até o encontro fatal é o que torna a leitura impossível de largar. A trama, repleta de ação, violência e até com um fundo de terror psicológico, é conduzida com maestria por aquele que é tido como um dos melhores escritores de Tex. Só achei que a conclusão acabou sendo um pouco apressada, esperava mais da batalha final, mas nada que comprometa a jornada. A experiência como um todo se assemelha muito com a de assistir a um bom e velho filme western e, ao contrário do que eu imaginava, a coisa não soa nada datada.
A edição integra a coleção "As Grandes Aventuras de Tex", que tem como proposta resgatar grandes clássicos do ranger com páginas colorizadas e acabamento de luxo. A rica introdução é assinada por Júlio Schneider e contextualiza muito bem a obra e todas as suas nuances. Mais um preconceito que cai e mais um personagem que sem dúvida irei revisitar. O único "problema" foi ter começado pelo filé e agora esperar o mesmo nível de outras aventuras do Águia da Noite.
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