RESENHA: Dylan Dog #19 - Sombras


          De volta ao universo de Dylan Dog, dessa vez optei pelo volume 19, que marca a retomada da Mythos em publicar a obra dylandoguiana inédita do Brasil em ordem cronológica. Com roteiro de Tiziano Sclavi, criador do personagem, e arte de Ugolino Cossu, o fumetti, publicado originalmente na Itália em 1991, apresenta uma trama que gira em torno de uma onda de assassinatos brutais que acontecem na região de Shin. As vítimas? Somente crianças... Há algum serial killer à solta? Ou forças sobrenaturais estariam agindo? Esse é mais um caso para o Detetive do Pesadelo!

          Enquanto tenta contornar os problemas de um relacionamento em curso, Dyd se vê envolvido no caso através de estranhas cartas anônimas que chegam em sua caixa de correio anunciando os assassinatos. A ajuda do inspetor Bloch não é de grande valia e, para dar um basta na matança, nosso detetive terá que recorrer ao sensitivo Georg Roll. Mas os melhores dias do paranormal ficaram no passado. Aqui, vêm à tona os custos de longos anos de exposição ao que há de mais sórdido no ser humano. A história ainda esbarra em temas como a vulnerabilidade infantil e maternidade/paternidade. Aspectos psicológicos também são trazidos para a trama, que mesmo suavizada por não raros momentos de humor, ainda assim, é pesada. Afinal, estamos falando da morte de crianças.


          Quanto às referências cinematográficas, marca registrada do fumetti, os destaques aqui ficam por conta de "E.T. O Extraterrestre" (1982) e "Nosferatu" (1922). Da literatura, a obra toma emprestado o conceito de bicho-papão adotado pelo italiano Dino Buzzati em conto homônimo. Não está explícito, mas o conceito de materialização das sombras acabou me remetendo muito a "IT, a coisa" (Stephen King), onde, além da morte de crianças, também podemos ver o mal assumindo diferentes formas a partir do medo de suas vítimas. Essa é uma história que irá agradar aqueles que gostam de pescar referências à cultura pop, e claro, também os curtem uma boa narrativa.

          Dylan Dog trouxe um novo fôlego às minhas leituras de quadrinhos e começo a comparar sua leitura com a experiência de assistir a um bom filme. Além da pegada cinematográfica que a própria arte traz, bebendo muito do cinema P&B, os roteiros também são sempre redondinhos, e o melhor, autocontidos - aqui não há a menor necessidade de se amarrar a cronologias, você simplesmente pega um número e lê - e essa, ao que parece, é a pegada de grande parte dos quadrinhos Bonelli, um catálogo que sem dúvida irei explorar com mais atenção daqui pra frente.








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