RESENHA: O Tempo Adiado e Outros Poemas - Ingeborg Bachmann


          A presença ainda é tímida, mas cada vez mais tenho conseguido encaixar livros de poesia entre as minhas leituras. Como é um hábito que ainda estou tentando criar, tem lá os seus desafios, e eles se tornam ainda maiores quando se trata de Ingeborg Bachmann. Sua poesia não é considerada das mais fáceis e ainda conta com diversas dificuldades no que diz respeito à tradução, já que estamos falando de poesia em língua alemã e que utiliza de muitos jogos de palavras. As coisas, definitivamente, não são entregues de mão beijada aqui.

          A edição da Todavia é bilíngue e conta com tradução e um rico posfácio de Claudia Cavalcanti, o que é de grande valia já que o contexto é de suma importância para uma melhor compreensão dos poemas. Em resumo, trata-se de poemas do pós-guerra que irão não apenas reviver os horrores da chegada das tropas alemãs mas também indagar os rumos da sociedade europeia após esse evento catastrófico, transmitindo sensações que vão desde agouro até impotência, passando por medo, ausência e melancolia. Junta-se a isso experiências pessoais da autora, como os relacionamentos conturbados e suas andanças por países europeus. O resultado é uma poesia muito única e intrigante, nem sempre fácil de penetrar.

          Não digo que morri de amores pela leitura, mas gostei de boa parte dos poemas aqui reunidos e, principalmente, de conhecer Bachmann. Literatura pós-guerra sempre me interessou, em especial em língua alemã, que na esteira da Segunda Guerra Mundial sofreu de um certo "cancelamento". Uma curiosidade é que o pai da autora se filiou ao Partido Nazista, só aí já temos alguma ideia do quanto os eventos das décadas de 30 e 40 reverberaram na vida de Bachmann. Olhar para esse contexto de uma perspectiva mais poética foi uma experiência bem diferente e, sem dúvida, recompensadora. Abaixo deixo alguns trechos que me marcaram:








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