Este é um daqueles livros fundamentais da literatura sobre o Holocausto. Jurek Becker, o autor, foi um polonês nascido em 1937 e que passou a infância em um gueto, mesmo ambiente onde se desenvolve o romance. Apesar de não ser exatamente autobiográfica, a obra evoca com precisão os horrores vividos pelos judeus nas mãos dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. O narrador é um dos sobreviventes do Holocausto que relata suas memórias dos tempos de gueto, a maior parte delas centradas na figura de Jakob. Mas por que "o mentiroso"? Jakob propaga pelo gueto notícias sobre a eminente aproximação dos russos, notícias essas forjadas, meio que por acaso no início e de forma deliberada mais tarde, quando percebe sua colaboração na queda significativa no número de suicídios. É isso, Jakob alimenta o gueto com esperança. E para garantir a autenticidade dos fatos, ele inventa a mentira mor: "eu tenho um rádio".
As mentiras de Jakob alteram de forma drástica o cotidiano do gueto. Graças a elas, as pessoas voltam a fazer planos para o futuro. O casal de namorados, a pequena órfã, o barbeiro do bairro, o médico do gueto e também o próprio Jakob... Ninguém consegue ficar indiferente às suas invenções, que se revelam de suma importância para amenizar o sofrimento e garantir a sobrevivência daqueles que aguardam ansiosos pela chegada dos russos. Logo, as mentiras de Jakob se tornam essenciais e o povo, ávido por novidades, o cerca aonde quer que ele vá. Agora, refém das próprias mentiras, ele terá que arcar com os custos de ser o provedor de esperanças em um ambiente desolador.
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