Criação de Mauro Boselli em parceria com Maurizio Colombo, "Dampyr" é uma série de horror da Bonelli, iniciada nos anos 2000, na Itália. A trama gira em torno de Harlan Draka. Filho de uma humana com um mestre da noite, ele é um mestiço, mais precisamente um dampyr. Isso quer dizer que seu sangue é letal para os vampiros e por isso ele é procurado por um grupo de soldados que está enfrentando essas temíveis criaturas da noite. E é assim que Harlan inicia uma jornada que vai muito além de mera caça aos vampiros. Ao lado de seus amigos Kurjac (um líder militar) e Tesla (uma vampira que conserva memórias de sua humanidade), ele irá travar uma árdua batalha para purificar o mundo dessa corja e desvelar as sombras que encobrem a sua própria origem.
Apesar de ser uma série de horror, "Dampyr" traz muitas outras camadas. A começar pelo pano de fundo, que traz uma guerra brutal entre nações. Em diversos momentos ao longo da narrativa, a violência e a perversidade humanas serão colocadas lado a lado com a ferocidade dos vampiros (ou até acima). Essa questão é muito bem trabalhada nos coadjuvantes: Kurjac é um tenente durão que aos poucos vai despertando para os horrores da guerra, e Tesla, que trava uma eterna batalha entre seus instintos vampirescos e aquilo que lhe resta de humanidade.
Vale lembrar também que, diferente do que estamos acostumados a ver na Bonelli, aqui temos um forte senso de continuidade e cronologia, ou seja, os personagens se desenvolvem ao longo de suas aventuras, acumulando experiências que influenciam no seu modo de agir. Isso, sem dúvida, favorece toda a concepção de mundo e os debates que a dupla Boselli/Colombo levantam. Os próprios vampiros, por exemplo, ganham toda uma mitologia própria aqui, contudo sem abrir mão de suas raízes. Como se trata de uma série de fôlego, há muito espaço para desenvolvimento e aprofundamento que não seriam possíveis em histórias totalmente fechadas.
Boselli vem se tornando um dos meus roteiristas favoritos nos últimos tempos e a leitura de "Dampyr" só veio a reforçar ainda mais essa ideia. O fumetti se revelou uma ótima companhia para noites solitárias, com uma dose certeira de horror para manter o leitor acordado e dramaticidade para cativar o público. A editora 85 vem fazendo um belo trabalho com a série, que já conta com onze volumes publicados, todos no formato 4x1, ou seja, tenho pelo menos 36 capítulos dessa apetitosa história pela frente e não vejo a hora de colocar as mãos no próximo título.
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