RESENHA: Ken Parker #1 - Rifle Comprido / Mine Town

          Criado em 1974 pela dupla Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo, "Ken Parker" é um dos maiores clássicos dos quadrinhos italianos. O personagem foi inspirado no personagem Jeremiah Johnson, interpretado por Robert Redford em "Mais forte que a vingança" (1972). A série, que conta com 59 edições, é tida como uma espécie de "faroeste tardio", fugindo dos estereótipos do gênero, incorporando novos elementos e fazendo até certas críticas ao western clássico. Atualmente, "Ken Parker" vem sendo republicado pela Mythos no formato dois em um, e foi essa a oportunidade que agarrei para finalmente conhecer esse clássico.


          Este primeiro volume traz as histórias "Rifle Comprido" e "Mine Town". Na primeira, vamos acompanhar Parker em uma jornada de vingança pela morte do irmão mais novo. Já em "Mine Town", veremos o personagem como integrante do exército dos casacas-azuis em uma missão numa cidade desconhecida. Até aqui, nada de novo, certo? Mas o detalhe está na forma como o protagonista lida com o mundo à sua volta.

          Mesmo nesses primeiros volumes, já é possível perceber que aqui nós não temos o clássico mocinho de faroeste. Parker é falho, é real, é humano. Ele não gosta de matar e acredita em uma melhor relação com os povos originários, que aqui estão em constante guerra com o homem branco. Ao mesmo tempo, também acredita que o homem é o pior dos animais. Pensamentos esses que fazem uma espécie de autocrítica ao próprio gênero western e pavimenta o caminho para reflexões mais profundas nos próximos volumes.


          Outra coisa que chama a atenção é que, diferente do que estamos acostumados a ver nos fumetti, "Ken Parker" tem toda uma cronologia, isto é, o personagem é afetado pelas experiências de aventuras passadas. Não é como "Tex", onde o personagem vive em um eterno presente imutável. E isso enriquece muito a leitura, deixando espaço para que Berardi trabalhe toda uma carga dramática que não seria possível em histórias fechadas. Com certeza, darei continuidade na leitura.

          Quanto a edição da Mythos, é bem competente. Não traz nenhum luxo desnecessário que encareça demais o produto, mas traz uma capa dura que favorece a arte em aquarela e também textos extras de contextualizam muito bem a publicação da série.


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