Depois das aventuras marítimas e geladas do último volume, Ken Parker chega a uma aldeia de esquimós, no Alasca. Ali, nosso herói trava contato com uma cultura totalmente diferente da sua e toda essa diferença cultural é pontuada com muito humor e passagens poéticas pelo roteiro de Berardi. Essa é a história que vamos acompanhar em "O povo dos homens", clássico da saga kenparkiana onde veremos nosso herói mergulhado em profundas reflexões sobre a vida em sociedade, a relação com a natureza, o casamento e a morte. A narrativa também destaca alguns dos lados mais feios da humanidade, como a cobiça e o machismo, coisas que nem mesmo as civilizações mais remotas estão imunes. O desfecho da aventura é melancólico e deixa um claro retrato da total incompatibilidade que diferentes culturas podem vir a ter. Destaque para a personagem feminina Enja, que desafia as convenções de seu próprio povo para exercer o papel de mulher livre.
Na segunda aventura, "A balada de Pat O'Shane", somos apresentados a outra personagem feminina de traços marcantes. Pat O'Shane é uma pirralha de personalidade forte e intensa que se encontra naquela conturbada transição entre menina e mulher. Suas emoções estão sempre à flor da pele e ganham ainda mais intensidade quando seu irmão mais velho é friamente assassinado. Enquanto isso, na mesma cidade, Ken Parker é confundido com um criminoso procurado pela justiça e se vê preso e condenado à forca. O destino dessas duas figuras se juntam em uma trama repleta de ação, reviravoltas e traições, onde Parker assume um papel semelhante ao de um irmão mais velho referente a menina. Depois de aventuras por paisagens não convencionais, "A balada de Pat O'Shane" traz a série de volta para o western tradicional, mas sempre com aquela pegada diferenciada que é característica do fumetti. Mais um belo volume com duas grandes narrativas, a primeira desenhada por Bruno Marraffa e a segunda com o traço do mestre Ivo Milazzo.
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