Confesso que sempre tive um pé atrás com as adaptações de Conan, elas sempre me soaram exageradamente toscas ou então simplesmente falharam em captar aquela magia tão gostosa presente na escrita de Howard. Tentando quebrar esse preconceito, resolvi dar uma chance ao aclamado Conan da Darkhorse e não me arrependi! Publicada originalmente entre 2004 e 2018, a série foi trazida ao Brasil pela editora Mythos em oito volumes no formato omnibus que narram a trajetória do cimério em ordem cronológica. Neste primeiro número, iremos acompanhar a história de Conan quando jovem, desde o seu nascimento no campo de batalha até suas primeiras aventuras fora das terras cimérias. Os roteiros ficam a cargo de Kurt Busiek e a arte varia entre os traços de Cary Nord, Greg Ruth e outros nomes.
Aqui nós veremos o nascimento de Conan, literalmente no campo de batalha, e os anos de sua juventude nas montanhas inóspitas da Ciméria, tempo marcado pelo florescimento de suas primeiras paixões e também por batalhas sangrentas com feras selvagens e tribos rivais. Fora de sua terra natal, nosso guerreiro enfrentará tribos nórdicas, perseguirá seres sobrenaturais, será feito prisioneiro por feiticeiros ancestrais, roubará artefatos valiosos, derrotará deuses e firmará parcerias improváveis para combater um mago de poderes imensuráveis. Tudo isso acompanhado, é claro, de muito sangue, belas mulheres e inúmeras paradas em tavernas para degustar um bom drinque.
A obra intercala entre adaptações literais, como é o caso de "A filha do gigante de gelo" e "O deus na urna", e momentos em que Busiek toma certas liberdades, embora sempre respeitando a mitologia e as características da obra de Howard. A narrativa é bem imersiva, trazendo um narrador onisciente que ora toma a dianteira, ora fica mais na reserva, deixando os fatos se desenrolarem, sempre mantendo aquele tom aconchegante que remete à narração de uma boa aventura de RPG de mesa. Quanto à arte, confesso que me despertou sentimentos ambíguos: adorei a de Greg Ruth e não curti muito a de Cary Nord. Mas no geral, ambos os artistas são competentes e fazem jus a obra Howardiana.
Pra quem, assim como eu, não é muito adepto de ler fantasia, até que foi uma experiência de leitura bem gostosa e imersiva, e que me remeteu aos bons tempos em que jogava RPG de mesa. Aliás, eu havia ficado tanto tempo sem ler algo do gênero, que até havia me esquecido o quanto isso podia ser prazeroso. Com certeza irei atrás do próximo volume e quem sabe eu consiga encaixar mais fantasia entre as minhas futuras leituras. Quanto aos desafios de adaptar Howard, é muito fácil cair nos clichês quando se faz isso, mas acho que Busiek se saiu muito bem aqui, sendo original e ao mesmo tempo não se distanciando demais da fonte. E ponto para a Mythos por trazer esse material em um formato abrangente, mas sem luxos desnecessários.
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