RESENHA: Dylan Dog # 35 - O último homem da terra / Incubus


          Este volume reúne duas histórias concebidas originalmente para um especial de "Dylan Dog", mas que acabaram sendo remanejadas para a série regular do personagem. Ambos os roteiros são de Tiziano Sclavi e esbarram em temas recorrentes na obra dylandoguiana. "O último homem da terra" faz alusão à obra máxima de Richard Matheson ("Eu sou a lenda") e coloca o nosso detetive como o suposto único sobrevivente de uma epidemia avassaladora que varreu a cidade de Londres (e talvez o mundo). Mas o roteiro trilha os próprios caminhos ao brincar com viagens temporais e realidades paralelas, tudo isso trazendo à tona questões que discutem a finitude humana, a solidão e a falta de propósito que podemos enfrentar em nossas vidas. A arte não fica muito atrás e é assinada pelo já veterano Corrado Roi.



          A segunda aventura, "Incubus", trata dos nossos medos e traumas mais profundos e a forma como lidamos (ou não) com eles. A trama nos apresenta Val Finn, um bem sucedido escultor que leva a vida que pediu a Deus. Só uma coisa o incomoda: ele não se lembra do seu passado. Dyd é então contratado por esse homem e incumbido da tarefa de recuperar sua memória, uma jornada pelo subconsciente humano e que irá explorar o tema da culpa e dos monstros internos que combatemos diariamente. Os desenhos aqui ficam a cargo de Luigi Piccatto.


          Ambas as premissas são excelentes e prometem boas histórias, mas, a meu ver, o desenvolvimento acabou sendo um pouco comprometido devido ao número reduzido de páginas que essas aventuras trazem. Geralmente, os casos de Dyd levam pouco menos de cem páginas para se resolverem. Aqui, cada um tem entre 50 e 60 páginas, não deixando tanto espaço, mesmo para um roteirista experiente como Sclavi. Isso não faz de "O último homem da terra" e "Incubus" histórias ruins, mas as deixam um pouco abaixo do nível regular da série. Ainda assim, é uma leitura que vale a pena para quem já é fã do personagem. Apenas não vá com muita sede ao pote e é certo que se divertirá e ainda será convidado a refletir sobre o sentido da vida.

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