RESENHA: The Walking Dead #1-2


          Essa não é uma simples história de zumbis. "The Walking Dead" é sobre o comportamento humano em situações extremas - no caso, um apocalipse zumbi -, mas poderia ser qualquer outra coisa: uma guerra, uma catástrofe ambiental, uma pandemia... O que quero dizer é que os zumbis aqui são mero pano de fundo, o que está em foco somos nós, os vivos. Criada pela dupla Kirkman e Moore em 2003, a obra ganhou uma adaptação que divide opiniões (confesso que eu até curtia no começo, mas depois das primeiras temporadas parece que os produtores se perderam e acabei abandonando a série). Mas, no fundo sempre ficou aquela vontade de conhecer o original e a oportunidade veio nessa reimpressão da Panini, que reúne as histórias em pequenos encadernados de pouco mais de 140 páginas. Não pretendo resenhar volume a volume aqui, porém farei algumas atualizações de tempos em tempos, trazendo as minhas impressões sobre o desenvolvimento da série.



          Esses dois primeiros volumes formam uma espécie de arco de apresentação, onde iremos acompanhar Rick Grimes, o xerife de uma pequena cidadezinha que, após ser baleado, acorda de um coma e descobre que o mundo como conhecia ruiu completamente. Agora, os mortos caminham pela Terra e ele parte então em busca da família. Mas esse é só o começo de uma longa história (a série possui mais de trinta volumes), jornada essa que irá explorar temas como sobrevivência, ética e moralidade, mas que também retrata o amor, a inveja e a cobiça, e que irá levar nosso protagonista e seus coadjuvantes a extremos, testando os seus limites a cada aventura.


          A narrativa é muito bem feita e impõe um ritmo frenético, trazendo ótimos ganchos ao final de cada capítulo e dosando muito bem as cenas de ação e drama. Mesmo nesses volumes iniciais, já se percebe o cuidado especial com o desenvolvimento de personagens, que são profundamente marcados pelos acontecimentos ao redor. Apesar da temática fantasiosa, a obra é de um realismo visceral. A arte é simples, porém muito bem executada. Tony Moore ilustra o primeiro volume, enquanto Charlie Adlard assume do segundo em diante. Ambos os artistas exploram com riqueza as cenas gore que a temática oferece, não deixando nada a perder para os clássicos de zumbis que vemos no cinema.


          A experiência de começar a ler "The Walking Dead" foi muito satisfatória e promissora. Apesar de já ter uma ideia do que esperar, o quadrinho conseguiu me surpreender tanto pela qualidade gráfica quanto narrativa, em especial nos momentos em que seus caminhos divergem do que vimos na adaptação. O mix de suspense, terror e drama funciona muito bem e entrega uma série daquelas que parecem impossíveis de largar após iniciada a jornada. Em diversos momentos da narrativa me peguei pensando o que faria no lugar dos personagens. Sobreviveria? Enlouqueceria? Conseguiria controlar minhas emoções? Enfim, muitas das dúvidas que perpassam na mente de Rick e os seus também ecoam em nós, leitores, e isso faz de "The Walking Dead" uma espécie de espelho para os nossos próprios princípios, defeitos, medos e fraquezas. E isso, por si só, já vale a leitura!


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