📖 "Atualmente, há cerca de 6 bilhões de humanos. Em quarenta anos, se o tempo de duplicação continuar constante, haverá 12 bilhões; em oitenta anos, 24 bilhões; em 120 anos, 48 bilhões... Mas poucos acreditam que a Terra possa suportar tanta gente. Devido ao poder desse aumento exponencial, tratar da pobreza mundial agora será muito mais barato e muito mais humanitário, ao que parece, do que quaisquer soluções que nos serão propostas daqui a muitas décadas. Nossa tarefa é provocar uma transição demográfica em todo o mundo e horizontalizar aquela curva exponencial - eliminando a pobreza esmagadora, tornando amplamente disponíveis métodos seguros e eficazes de controle da natalidade e estendendo o poder político real (executivo, legislativo, judiciário, militar, e em instituições que influenciam a opinião pública) às mulheres. Se falharmos, algum outro processo, muito menos sujeito ao nosso controle, fará a tarefa por nós."
📖 "A natureza nem sempre se ajusta às nossas predisposições e preferências, ao que consideramos confortável e fácil de compreender."
📖 "A tendência a cooperar tem sido dolorosamente extraída por meio do processo evolucionário. Aqueles organismos que não cooperaram, que não trabalharam uns com os outros, morreram. A cooperação está codificada nos genes dos sobreviventes. Faz parte da sua natureza cooperar. É a chave para a sua sobrevivência. Mas nós, humanos, somos recém-chegados, pois só surgimos há uns poucos milhões de anos. A nossa presente civilização técnica tem apenas algumas centenas de anos. Não tivemos muitas experiências recentes de cooperação voluntária entre as espécies (ou até entre a mesma espécie). Somos muito inclinados ao curto prazo e quase nunca pensamos no longo prazo. Não há garantia de que seremos bastante sábios para compreender o nosso sistema ecológico fechado em todo o planeta, ou para modificar o nosso comportamento de acordo com esse entendimento. [...] Gostando ou não, nós, humanos, estamos ligados com nossos colegas humanos e com as outras plantas e animais em todo o mundo. As nossas vidas estão entrelaçadas. Se não fomos agraciados com um conhecimento instintivo que nos mostre o que fazer para que nosso mundo regido pela tecnologia seja um ecossistema seguro e equilibrado, devemos descobrir como fazê-lo. Precisamos de mais pesquisa científica e mais controle tecnológico. É provavelmente muito cômodo esperar que um grande Zelador do Ecossistema venha à Terra e corrija os nossos abusos ambientais. Cabe a nós a tarefa."
📖 "Talvez os produtos da ciência sejam simplesmente poderosos demais, perigosos demais para nós. Talvez ainda não estivéssemos suficientemente crescidos para recebê-los. Seria prudente dar um revólver de presente a um bebê de berço? [...] Agora mais uma complicação: vamos imaginar que, ao se puxar o gatilho de uma pistola, décadas se passem antes que a vítima ou o agressor reconheça que alguém foi atingido. Nesse caso, é até mais difícil compreender o perigo de ter armas por perto. A analogia é imperfeita, mas algo parecido se aplica às consequências ambientais globais da moderna tecnologia industrial."
📖 "Assim, quando somos confrontados com uma nova e incômoda predição, poderíamos ser tentados a dizer: "Improvável." "Abismo e trevas." "Nunca experimentamos nada nem remotamente parecido." "Tentando assustar todo o mundo." "É ruim para o moral público." Além do mais, se os fatores que precipitam a catástrofe prevista são de longa duração, então a própria predição é uma censura indireta ou tácita. Por que nós, cidadãos comuns, permitimos que esse perigo se desenvolvesse? Não deveríamos ter nos informado a respeito mais cedo? Não somos cúmplices, uma vez que não tomamos as medidas para assegurar que os líderes governamentais eliminassem a ameaça? E como essas ruminações são incômodas - que nossa desatenção e inação possam ter posto a nós e àqueles que amamos em perigo -, há uma tendência natural, embora ruim para a adaptação, de rejeitar toda a história. Serão necessárias melhores evidências para que levemos a questão a sério. Há uma tentação de minimizar, descartar, esquecer. Os psiquiatras têm plena consciência dessa tentação. Dão-lhe o nome de "negação".
📖 "O mundo é complicado. O ar é fino. A natureza é sutil. A nossa capacidade de causar danos é grande. Devemos ser muito mais cuidadosos e muito menos indulgentes com a poluição de nossa frágil atmosfera. Devemos desenvolver padrões mais elevados de higiene planetária e recursos científicos significativamente maiores para monitorar e compreender o mundo. E devemos começar a pensar e agir, não apenas em termos da nossa nação e geração (muito menos dos lucros de uma indústria em particular), mas em termos de todo o vulnerável planeta Terra e das gerações futuras."
📖 "Se é provável que impactos adversos para a saúde da população resultem da mudança climática, não temos a opção usual de procurar evidências empíricas definitivas antes de agir. Uma abordagem de esperar-para-ver seria imprudente na melhor das hipóteses, e um disparate no pior dos casos."
📖 "Mas não há nenhum modo de remover o dióxido de carbono da atmosfera, para desfazer parte do estrago que já causamos? O único modo de resfriar o efeito estufa que não só parece seguro como confiável é plantar árvores. [...] Porém, em vez disso, a espécie humana está destruindo um acre de floresta a cada segundo. Todos podem plantar árvores - indivíduos, nações, indústrias. [...] As madeireiras não deveriam plantar mais florestas do que derrubam? E que dizer das indústrias de carvão, óleo, gás natural, petróleo e automóveis? Toda companhia que introduz CO2 na atmosfera não deveria também se comprometer a retirá-lo? Não é o que todo cidadão deveria fazer?"
📖 "Nós nos tornamos, segundo alguns padrões, a espécie dominante na Terra. E, quase a cada passo, temos enfatizado o local em detrimento do global, o curto prazo em detrimento do longo prazo. Temos destruído as florestas, provocado a erosão da camada superior do solo, mudado a composição da atmosfera, diminuído a camada protetora de ozônio, alterado o clima, envenenado o ar e as águas e causado grande sofrimento aos mais pobres com a deterioração do meio ambiente. Nós nos tornamos predadores da biosfera - arrogando-nos direitos, sempre tirando e nunca repondo nada. E assim somos agora um perigo para nós mesmos e para os outros seres com os quais partilhamos o planeta."
📖 "Para muitos norte-americanos, o comunismo significa pobreza, atraso, o Gulag para quem diz o que pensa, um esmagamento cruel do espírito humano e uma sede de conquistar o mundo. Para muitos soviéticos, o capitalismo significa ganância impiedosa e insaciável, racismo, guerra, instabilidade econômica e uma conspiração mundial dos ricos contra os pobres. São caricaturas - mas não inteiramente caricaturas -, e ao longo do tempo as ações soviéticas e norte-americanas lhes deram algum crédito e plausibilidade. Essas caricaturas persistem porque são em parte verdadeiras, mas também porque são úteis. Se há um inimigo implacável, então os burocratas têm uma boa desculpa para explicar porque os preços sobem, por que há escassez de bens de consumo, por que a nação não é competitiva nos mercados mundiais, por que a crítica aos líderes não é patriótica e permissível - e em especial por que se deve produzir um mal tão supremo como as armas nucleares numa escala de dezenas de milhares. Mas se o adversário é insuficientemente malvado, a incompetência e a visão fracassada dos funcionários do governo não pode ser tão facilmente ignorada. Os burocratas têm motivos para inventar inimigos e exagerar os seus malefícios."
📖 "Se alguém deliberadamente mata um ser humano, damos a isso o nome de assassinato. Se alguém deliberadamente mata um chimpanzé - em termos biológicos o nosso parente mais próximo, que partilha 99,6% de nossos genes ativos -, seja lá o que for esse ato, não é assassinato. Até o momento, assassinato se aplica unicamente ao ato de matar seres humanos. Portanto, a questão de quando surge a pessoa (ou, se quisermos, a alma) é chave para o debate do aborto. Quando o feto se torna humano? Quando aparecem as qualidades humanas distintas e características? [...] O problema com esses marcos particulares do desenvolvimento não é apenas o fato de serem arbitrários. Mais perturbador é o fato de que nenhum deles envolve características unicamente humanas - salvo a questão superficial da aparência facial. Todos os animais reagem a estímulos e movem-se por sua própria vontade. Um grande número é capaz de respirar. Mas isso não nos impede de matar bilhões deles. Reflexos, movimentos e respiração não é o que nos torna humanos. [...] A nossa única grande vantagem, o segredo de nosso sucesso, é o pensamento - o pensamento caracteristicamente humano. Somos capazes de encontrar soluções para os problemas, imaginar acontecimentos que ainda vão ocorrer, entender a realidade. Foi assim que inventamos a agricultura e a civilização. O pensamento é a nossa bênção e a nossa maldição, faz de nós o que somos. [...] Mas as ondas cerebrais com padrões regulares típicos dos cérebros humanos adultos só aparecem no feto por volta da trigésima semana de gravidez - perto do início do terceiro trimestre."
📖 "Mesmo hoje em dia, pós-Guerra Fria, pós-União Soviética, se Moscou decidir que devemos morrer, vinte minutos mais tarde estaremos mortos. [...] Juntou-se aos Estados Unidos na corrida das armas nucleares, de modo que hoje todos na Rússia têm a sua vida nas mãos dos líderes dos Estados Unidos. Se Washington decidir que eles devem morrer, vinte minutos mais tarde estarão mortos. [...] Se estamos satisfeitos com um mundo que tem quase 60 mil armas nucleares, estamos apostando nossa vida na proposição de que nenhum líder presente ou futuro, militar ou civil [...] vai se desviar dos padrões mais rigorosos da prudência. Estamos apostando na sua sanidade e sobriedade mesmo em períodos de grande crise pessoal e nacional em todos os líderes de todos os tempos futuros. Afirmo que é pedir demasiado de nós. Porque cometemos erros."
📖 "Muitos me perguntaram como é possível enfrentar a morte sem a certeza de uma vida posterior. Só posso dizer que isso não tem sido um problema. [...] partilho a visão de um dos meus heróis, Albert Einstein: Não consigo conceber um deus que recompense e puna as suas criaturas, nem que tenha uma vontade do tipo que experimentamos em nós mesmos. Não consigo, nem quero conceber um indivíduo que sobreviva à sua morte física; [...] Eu me satisfaço com o mistério da eternidade da vida e com um vislumbre da maravilhosa estrutura do mundo real, junto com o esforço diligente de compreender uma parte, por menor que seja, da Razão que se manifesta na natureza."
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